À direita ou à esquerda, Huck envolve a Globo na política
Anti-PT e contra Bolsonaro, apresentador deixa o canal à espera de definição sobre possível candidatura presidencial
Em novembro, o ‘Caldeirão’ registrou média de 12.5 pontos de audiência. Esse índice garante liderança confortável no ranking. Além de público numeroso, a atração vespertina de sábado gera ótimo faturamento. Não seria bom negócio para a Globo se Luciano Huck saísse do ar.
Mas é o que acontecerá caso ele confirme a intenção de se lançar candidato à Presidência em 2022. O contrato do artista termina no ano que vem. Caso opte pela política, o vínculo não será renovado e a emissora precisará substituir o ‘Caldeirão’. Um programa com Marcio Garcia surge como alternativa.
A simples intenção de Huck em disputar o Palácio do Planalto já empurrou a Globo para o epicentro da guerra político-partidária no País. Tal envolvimento é tudo o que a emissora quer evitar após ter a imparcialidade e isenção tão contestadas nos últimos anos.
Em declarações à imprensa, Jair Bolsonaro e Lula — atuais líderes máximos da direita e da esquerda, respectivamente — associaram o projeto eleitoral do dono do ‘Caldeirão’ ao canal carioca, como se o clã Marinho estivesse por trás da possível candidatura de seu contratado.
Ligações à parte, a imprensa tenta prever em qual espectro ideológico Luciano Huck vai se firmar: centro, centro-direita, centro-esquerda? O apresentador tem circulado por diferentes grupos, gerando curiosidade e interrogação.
Declaradamente anti-petista e ex-apoiador de Bolsonaro, a quem passou a criticar pouco depois da posse, ele foi elogiado por cacique progressista como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e direitista moderado a exemplo do presidente da Câmara Rodrigo Maia.
Enquanto isso, a Globo continua a ser alvo tanto da direita quanto da esquerda. Desagrada a todos com seu jornalismo pautado por denúncias e contestações. Uma postura correta a um canal de TV que se pretende livre de vínculos e interesses políticos, ainda que nenhum veículo de comunicação jamais terá os desejáveis 100% de neutralidade.