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A maioria das TVs está em grave crise; Globo não escapa

Retração do mercado publicitário agrava a situação financeira de emissoras e acelera onda de demissões

8 out 2020 - 14h05
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Incontáveis usuários de redes sociais protestaram contra as recentes dispensas de atores e apresentadores feitas pelo SBT. Mas, antes de criticar a atitude da emissora, é imprescindível, por questão de justiça, analisar o cenário das principais redes de TV do Brasil. A grande maioria está no vermelho. Ou reduzem despesas urgentemente ou correm o risco de não honrar pagamentos e avolumar dívidas.

Entrada de menos dinheiro em caixa obrigou os canais a cortar despesas e reduzir investimentos
Entrada de menos dinheiro em caixa obrigou os canais a cortar despesas e reduzir investimentos
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

Sim, os canais faturam milhões de reais todos os anos, porém os custos são proporcionais. A operação do negócio — dos salários de funcionários ao aluguel de satélites, dos investimentos em produções próprias à compra de direitos de exibição, dos encargos sociais e trabalhistas à manutenção de equipamentos — custa cada vez mais caro.

Enquanto isso, as agências de publicidade exigem descontos progressivos ao direcionar as verbas dos maiores anunciantes e as fontes extras de receitas ainda não suprem os gastos. A pandemia de covid-19 piorou o que já estava ruim: gerou retração de 30% na quantia movimentada pelo mercado publicitário nos primeiros seis meses de 2020.

Quando a situação se torna insustentável, como no caso do SBT, a atitude óbvia é dispensar parte dos contratados e colaboradores. Afinal, não dá para fazer economia demitindo uma antena ou penhorando uma câmera de TV. A massa humana acaba sacrificada em nome da viabilidade do negócio. Televisão é magia e glamour, mas no fundo busca-se solvência e lucro.

Nem a poderosa Globo está blindada contra a crise. Apesar de possuir gigantesco valor de mercado (cerca de R$ 18 bilhões), ter patrimônio colossal, atrair a maior fatia da verba publicitária e ser líder em audiência, a emissora carioca também foi afetada pelas adversidades na economia brasileira. Fatura cerca de R$ 10 bilhões por ano, mas o lucro é cada vez menor e está associado ao rendimento de aplicações, não ao ganho real.

O que será das TVs no mundo pós-coronavírus? Esse choque de realidade acabou com a política dos contratos longos (apenas alguns privilegiados vão continuar a receber salário mesmo no período fora do ar), impôs redução na remuneração de artistas e jornalistas, decretou corte radical de gastos e diminuição relevante em investimentos. Para manter o padrão de qualidade de sua programação, os canais precisarão ser mais racionais e criativos.

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