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Jeff Benício

Âncora se revolta com mãe e padrasto de Henry: “Pro inferno”

Luiz Bacci adota tom passional na cobertura do ‘Cidade Alerta’ da morte violenta do garoto

9 abr 2021 - 09h07
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Como reportar na TV um caso escabroso como o da morte do menino Henry Borel? Adotar tom 100% imparcial (se é que isso seja possível) ou deixar transparecer os sentimentos — indignação, tristeza, senso de justiça — inerentes a um ser humano empático?

O tribunal da TV: “Se matam meu filho, eu não vou dizer o que eu faria com quem cometeu o crime”, disse Luiz Bacci na TV, ao se colocar no lugar de Monique, mãe de Henry
O tribunal da TV: “Se matam meu filho, eu não vou dizer o que eu faria com quem cometeu o crime”, disse Luiz Bacci na TV, ao se colocar no lugar de Monique, mãe de Henry
Foto: Reprodução/Record TV

Luiz Bacci, do ‘Cidade Alerta’, demonstrou passionalidade. Na quinta-feira (8), ao longo de 3 horas ao vivo, o âncora não poupou críticas e insultos aos investigados do crime, o vereador Dr. Jairinho, padrasto de Henry, e a professora Monique Medeiros, mãe do garoto. Ambos cumprem prisão temporária e, de acordo com a Polícia Civil, poderão ser indiciados por tortura e homicídio na conclusão do inquérito.

O apresentador da Record TV usou vocabulário variado e contundente ao se referir ao casal: “sem-vergonha”, “cínica”, “dissimulado”, “maluca”, “cachorro”, “safado”, “sonsa”, “cretino”, “falsa”. O jornalista foi além ao comentar trechos de entrevista com Jairinho e Monique feita por Roberto Cabrini para o ‘Domingo Espetacular’. “Dois canastrões”, afirmou. “Vão para o inferno”, desejou, exaltado.

Em outra parte do ‘Cidade Alerta’, o âncora falou sobre a sugestão que Dr. Jairinho teria feito em conversa ao celular com o pai de Henry, Leniel Borel, de que o engenheiro “fizesse outro filho”, em hipotética relativização da tragédia com Henry. “Se ele fala isso pra mim, eu me teletransporto pelo telefone para agarrar o pescoço dele”, disse Bacci.

O jornalista sinaliza não se preocupar com possível consequência jurídica da postura virulenta contra os investigados e sua interpretação prévia, sustentada diante das câmeras, de que os dois são culpados pela morte violenta do menino de 4 anos. “Pode me processar, vereador”, desafiou. “A sua alma não vai te deixar descansar.” E completou: “Vocês vão ser condenados, quer apostar comigo?”

O ‘Cidade Alerta’ é o programa de jornalismo policial — policialesco na opinião de muitos críticos — com maior audiência da televisão aberta. Na segunda-feira (5), por exemplo, foi a atração mais vista da Record TV, com média de 10 pontos, índice equivalente a 2 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo.

Sua imagem está associada a sensacionalismo por conta da abordagem espetaculosa de crimes cotidianos com anônimos e casos de ampla repercussão midiática, como os assassinatos do casal Richthofen, em 2002, e da menina Isabella Nardoni, em 2008. A cobertura do ‘mundo cão’ sempre dividiu opiniões no meio jornalístico.

Há, indiscutivelmente, excessos no ‘Cidade Alerta’. Às vezes, a violência ganha tratamento novelesco. O jornalismo acaba ofuscado pelo viés inquisidor imposto a personagens das matérias. Por outro lado, o âncora Luiz Bacci — assim como os antecessores, entre eles José Luiz Datena e Marcelo Rezende — verbaliza o que boa parte do público pensa. Inclusive xingamentos e o prejulgamento.

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