"Aprendo com o amor das personagens", afirma Helena Ranaldi
Atriz fez leitura de peça sobre relacionamento ao lado de Daniel Alvim e Tuna Dwek na Casa do Saber
"Amar não é olhar um para o outro, e sim olharem juntos na mesma direção", escreveu o francês Antoine de Saint-Exupéry.
Contudo, no auge da era da comunicação, parece cada vez mais difícil que as pessoas consigam convergir o olhar em nome deste sentimento tão essencial e prazeroso quanto enigmático e potencialmente doloroso: o amor.
Na sexta-feira (14), a Casa do Saber realizou a leitura da peça ‘Dois Por Um Bordeaux’, de Ed Anderson, com os atores Helena Ranaldi, Daniel Alvim e Tuna Dwek, sob a direção de Francisco Medeiros e com a presença de Mário Vitor Santos, diretor executivo do espaço.
Idealizado pela atriz e sócia da Casa do Saber Maria Fernanda Cândido, a Joyce de ‘A Força do Querer’, o Ciclo de Leituras Teatrais convida grandes nomes do teatro para leem textos, sempre dirigidos por encenadores de destaque na dramaturgia brasileira.
‘Dois Por Um Bordeaux’ estende uma lupa sobre um casal aparentemente comum. Mas nada é tão simples e óbvio no âmago de um relacionamento amoroso – e um inusitado pacto entre marido e mulher pode mudar a estrutura emocional de ambos.
Em conversa com o blog, Helena Ranaldi comentou a respeito da dificuldade que tantos casais ainda têm em discutir de maneira pragmática o amor e suas intercorrências.
"A comunicação de hoje é também um resultado da tecnologia, que, por sua vez, veio para ampliar o conhecimento e agilizar o contato entre as pessoas, mas transformou o tempo", opina a atriz.
"As pessoas estão sobrecarregadas de informações e a comunicação se estabelece na maior parte das vezes de forma indireta. Percebe-se que estão mais individualistas e sobrecarregadas de si mesmas. O outro se torna distante apesar de ilusoriamente próximo".
Na visão de Rinaldi, o amor cobra intimidade e troca de quem se lança num relacionamento: "Percebo que as pessoas se defendem, não aprofundam suas relações e, com isso, o amor se mostra fugaz, dificultando um encontro verdadeiro e especial".
Nas novelas, ela já viveu mulheres que sofreram intensamente por amar. Quem não se lembra de Cíntia, a veterinária de ‘Laços de Família’ que enfrentou o machismo de Pedro (José Mayer) para ficar ao lado dele?
Ou então de Raquel, que apanhava de raquete de tênis do marido, Marcos (Dan Stulbach), e depois se encantou por um adolescente em ‘Mulheres Apaixonadas’?
Será que mergulhar no universo de personalidades tão densas deixou marcas na atriz? "Sem dúvida, aquelas histórias de amor estão inclusas em minha bagagem de vida. Aprendi um pouquinho com cada uma e acho que o contrário também ocorreu: minhas experiências pessoais contribuíram na criação daquelas personagens".