Ator Marcio Rosario lança dois filmes no Los Angeles Brazilian Film Festival
Conhecido pela atuação nas novelas da Globo como I Love Paraisópolis, Flor do Caribe e Araguaia, Marcio Rosario tem uma sólida carreira no cinema brasileiro e também no norte-americano. Por lá, integrou produções como Efeito Colateral, S.W.A.T.: Comando Especial e Os Mercenários.
O ator e produtor está na Califórnia para participar da nona edição do Los Angeles Brazilian Film Festival. Rosario faz parte do elenco de dois filmes da mostra.
O longa 'Deserto', primeira direção do ator Guilherme Weber, tem sua estreia mundial no evento. A trama ambientada no sertão brasileiro, no fim do século 19, mostra uma trupe de artistas mambembes que se instala num vilarejo abandonado.
No longa, Rosario interpreta um ex-lutador circense que passa por uma transformação sexual. O personagem provocador fez o ator rodar suas primeiras cenas de sexo e nudez frontal.
Já no curta 'Verses at Work', do diretor Lucas Mendes, Marcio Rosario está inserido na história de um rapper que passou por muitas dificuldades para atingir a fama. O filme foi rodado em inglês, na cidade de Nova York.
O ator conversou com o blog diretamente do tapete vermelho do Los Angeles Brazilian Film Festival:
Pelo grau de exposição física e emocional, Deserto foi o trabalho mais desafiador de sua carreira?
Sem dúvida. Logo após a primeira leitura do roteiro eu já queria muito fazer o personagem, Hércules. Sabia que seria um filme primoroso. Quem acompanha os trabalhos do Guilherme Weber sabe o quanto ele é talentoso e dedicado no que faz. Uma das primeiras frases que o Guilherme me disse foi: 'ele está em decomposição corporal, foi muito vaidoso no passado e agora está com o corpo fora de forma e esteticamente estranho'. Procurei um personal trainer para modificar meu corpo. Ganhei 11 quilos e perdi a definição dos músculos. No começo fiquei desesperado com essa mudança física, pois sempre cuidei muito bem do meu corpo. Aos poucos fui compreendendo melhor o personagem e aceitei a transformação, inclusive na hora de rodar as cenas de nudez e sexo.
Com uma estética tão própria, como acha que o longa será recebido pelas plateias no Brasil e no exterior?
'Deserto' é um grande filme de arte, rodado 100% com talento brasileiro. Todo mundo vai gostar? Claro que não. Mas devem assisti-lo para ver como são incríveis o roteiro, a direção, a fotografia, o figurino, enfim, o conjunto da obra. O diretor de fotografia, Rui Poças, tem uma sensibilidade fantástica. As imagens captadas por ele, a partir do olhar do Guilherme Weber, são de uma beleza espetacular, pura poesia.
No curta Verses at Work, você voltou a atuar nos Estados Unidos e em inglês. Como foi a experiência?
Foi bacana, apesar de ter sido rápida. Eu tinha acabado de gravar I Love Paraisópolis e estava de férias em Nova York. Meu agente me avisou do teste para interpretar um bartender que ouve as lamentações do rapper que é protagonista da história. Não só conquistei o personagem como me tornei produtor executivo do filme. Já coloquei vários longas e curtas em festivais no Brasil e no exterior. Vou batalhar pela carreira do Verses at Work nas telonas.
Você já atuou em produções de estúdios de Hollywood e em curtas de baixíssimo orçamento. Esses extremos interferem na atuação?
Fiz muitos filmes milionários e outros com dinheiro curtíssimo. Isso jamais interferiu no meu processo de criação. Faço sempre com a mesma dedicação, a mesma garra.
Os filmes brasileiros têm conseguido mais espaço no mercado internacional?
Sim, graças aos festivais internacionais com produções brasileiras. Há muitos investidores privados promovendo nosso cinema no exterior, além dos eventos com apoio da Ancine (Agência Nacional do Cinema). O talento de atores, diretores e produtores brasileiros é reconhecido nos maiores mercados de cinema do planeta.
O que achou da polêmica envolvendo Aquarius? Faria um protesto político vinculado a um filme seu?
Pela minha formação e minha trajetória, eu prefiro jamais misturar arte e política. Sob o meu ponto de vista, isso não funciona. Mas eu respeito a atitude da equipe do filme. Vivemos na democracia, e todas as opiniões devem ter seu espaço na mídia.