Atriz brasileira Amanda Maya batalha espaço em Hollywood
Artista saiu de uma cidade interiorana no Brasil para realizar o sonho de estudar cinema e brilhar nos tapetes vermelhos de Hollywood
O que você faria se soubesse ter pouco tempo de vida? Com essa premissa, o filme independente Alguém Qualquer, de 2014, protagonizado e dirigido por Tristan Aronovich, foi premiado no Brasil e exterior. A partir dele, a atriz Amanda Maya se projetou.
Hoje, ela tem um mestrado em cinema feito nos Estados Unidos e mora em Los Angeles, onde constrói uma carreira internacional.
A atriz conversou com o Terra a respeito de sonhos, superação e situações divertidas vividas em Hollywood.
Como nasceu o desejo de ser atriz?
Nasci em São Luiz do Paraitinga, uma cidade bem pequena do interior de São Paulo, em uma família de origem muito simples. Sinto orgulho de onde vim. Na minha família, ninguém tinha trabalhado na área artística ou sonhado com essa possibilidade, pois era um mundo distante. Uma história curiosa é que minha avó materna foi a responsável por escolher meu nome. Quando eu nasci, ela me olhou e disse: ‘Ela vai se chamar Amanda e será artista’. Minha mãe conta que eu sempre amei assistir às novelas e brincava de teatro, criava e contava histórias para todo mundo. Na adolescência passei a dizer para mim mesma: ‘Eu vou ser atriz!’ Obviamente que todos ao redor achavam loucura, menos minha mãe, que me apoiou nos meus sonhos. Aos 17 anos, aquela menina do interior foi fazer faculdade de teatro em São Paulo. Vivenciei a arte da atua&cce dil;ão e me apaixonei completamente pela profissão.
Quem foram seus mestres?
É até difícil citar todos os cursos que fiz. Depois de São Paulo, passei por escolas no Rio de Janeiro, Los Angeles e Nova York. Tive a oportunidade de estudar com os grandes atores Paulo Marcos e Brian Penido Ross, do conceituado Grupo Tapa. Eles me deram base sólida para o teatro. Em seguida estudei atuação para TV na escola do diretor Wolf Maya, onde aprendi a trabalhar diante das câmeras. Minha paixão pelo cinema surgiu ao protagonizar o filme Sem Fio, quando contracenei com o ator Leopoldo Pacheco, e aí fui estudar atuação para cinema com o cineasta Tristan Aronovich. Logo depois ganhei uma bolsa integral para estudar no Chekhov Studio International, em Hollywood, com a grande preparadora de elenco Marjo-Riikka Makela. O grande triunfo foi que, depois dos prêmios internacionais pelo filme Alguém Qualquer, recebi convites para fazer mestrado em cinema nos Estados Unidos e Canad á, e acabei aceitando a bolsa integral que a SCAD (Savannah College Of Art and Design) me ofereceu. Meu mentor foi o produtor Andrew Meyer, de filmes clássicos como Tomates Verdes Fritos e Clube dos Cinco.
Como foi participar do filme Alguém Qualquer, uma produção independente que acabou premiada no exterior?
Uma grande alegria, pois além de atuar, eu também fazia parte da produção executiva. Estive presente desde o primeiro esboço do roteiro. Alguém Qualquer mostrou que é possível fazer uma produção de qualidade sem muitos recursos. Pessoas de todos os gêneros e idades, e também com embasamentos culturais diferentes, se emocionaram com a mensagem do filme. Entre todas as conquistas, o grande momento foi quando recebemos o prêmio Humanitário no Boston Film Festival, na Harvard University.
No Brasil, tentou fazer TV e cinema?
Sim, fiz muitos testes, passei em alguns. Mas no Brasil funciona diferente em relação aos Estados Unidos. Já tive participação cancelada na véspera da gravação. Como assim? Você escala um ator e depois, sem explicação, alguém te corta do projeto? Cansei de enviar material às produções brasileiras. Estou preparada para qualquer personagem, tenho base, sempre estudei, não sou nenhuma deslumbrada que só quer dar autógrafos. Pretendo ser reconhecida pelo meu trabalho. Fama é consequência natural, mas não é a minha prioridade.
Como foi parar em Los Angeles?
A primeira vez que pisei em Los Angeles foi em 2010. Cheguei na frente do famoso Teatro Chinês, que fica na Calçada da Fama, e vi todas aquelas mãos e pés de atores e cineastas que eu amava, marcadas na calçada. Uma sensação forte e mágica que nunca tinha experimentado! Naquele momento eu soube que era ali, em Los Angeles, que gostaria de viver. O mais bacana é que, ao chegar na cidade, já consegui trabalhar em um longa chamado In Search of Liberty, e depois disso vieram clipes e outros projetos.
Como tem sido a rotina de estudos e testes?
Os testes são a minha rotina. No Brasil faço parte da agência Jabuticaba. Em LA, sou agenciada pela Synergy Talent. Às vezes os testes são para produções independentes, outras vezes para produções gigantescas. Lembro a primeira vez que fui fazer um teste na Paramount. Quando entrei naquele estúdio e comecei a reconhecer as pessoas, pensei comigo: ‘Nossa, quem diria Amanda!’ (risos).
Já encontrou muitas celebridades por aí?
Aqui em Los Angeles é comum você estar dirigindo o seu carro e, de repente, olha para o lado e leva um susto ao ver um ator famoso. Uma vez, no hall de um teatro, percebi a Jennifer Aniston ao meu lado. Em Santa Monica, vi o George Clooney sentado em um restaurante, com a então namorada, tomando um café. Tomei coragem e fui pedir para tirar uma foto. Ele achou que eu era da turma dos paparazzi (risos)! Tentei explicar que era atriz e fã, mas ele não acreditou!
Todo ator sonha com o Oscar. É um sonho possível?
Nada é impossível, mas não digo que seja fácil. Se você tem um grande sonho, então vá atrás, lute pelo que acredita. Esse ano, o cinema brasileiro brilhou no Festival de Cannes. Quem sabe um dia não brilharemos no Oscar também?
Quais atores a inspiram e com quem gostaria de contracenar?
São tantos... Os que estão no topo da minha lista: Wagner Moura, Fernanda Montenegro, Alice Braga, Meryl Streep, Daniel Day-Lewis, Glenn Close e Melissa McCarthy.
Pingue-pongue:
Filmes de sua vida: A Vida é Bela, O Pianista, Diário de uma Paixão, O Poderoso Chefão, Casablanca.
Personagem que adoraria ter interpretado: Sarah Connor (Linda Hamilton) de O Exterminador do Futuro, Barbara (Julia Roberts) de Álbum de Família, Allie (Rachel McAdams) de Diário de uma Paixão.
O que assiste na TV: Séries e o canal de notícias CNN.
O que mais gostou de ver no streaming: As séries The Crown, Grace and Frankie e Narcos.
O melhor e o pior de morar em Los Angeles: O melhor é que você tem o oceano e a montanha há menos de 1 hora; o pior é que é uma cidade muito cara e você depende de carro para tudo.
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