Atriz dá show de coerência e carisma contra o #ForaRegina
Regina Duarte apresenta discurso convincente na Globo para tentar um cessar-fogo entre a classe artística e o governo Bolsonaro
De cara limpa e sem fugir das perguntas incômodas, Regina Duarte marcou muitos pontos na entrevista concedida ao Fantástico. A nova secretária nacional de Cultura pode não ter conhecimento técnico de gestão e tarimba para lidar com os meandros da política, mas possui visão realista da situação e demonstra boas intenções.
De acordo com alguns colunistas, a conversa de Regina com o veterano repórter Ernesto Paglia teria irritado Jair Bolsonaro, um ferrenho antiGlobo. Mal sabe o presidente o quanto essa visibilidade poderá fazer bem ao seu governo.
Agora, ninguém pode acusar a Presidência de não acenar com a bandeira branca para tentar um diálogo com atores, diretores, cineastas e produtores. Quem recusar o armistício será visto como intransigente — acusação frequente disparada contra Bolsonaro.
"Seria extremamente pouco inteligente desprezar esse momento que está sendo oferecido para a classe artística", disse a secretária. "As portas estão abertas." Sincerona, Regina Duarte pediu desculpas aos artistas expostos em sua rede social como supostos apoiadores de sua entrada no governo.
Mas ela deixou claro o desagrado com a polarização praticada por vários colegas de profissão. "É um tiro no pé da categoria. Por que a gente precisa passar por isso? Se o que a gente quer é a mesma coisa? Se expressar artisticamente." A estrela da TV reclamou também da torcida contra. "Já tem uma hashtag #ForaRegina. Eu nem comecei", disse a eterna Helena das novelas.
No auge da descontração, Regina brincou com a possibilidade levantada por Ernesto Paglia de ela se tornar uma personagem autoritária em razão dos vícios do poder. "Virar uma Porcina, sacudir uma pulseira... (risos) Tô certa ou tô errada?" Um dos papéis mais populares da atriz na TV foi a espalhafatosa Viúva Porcina em Roque Santeiro (1985-1986).
A única polêmica suscitada pela secretária foi quando citou a utilização de recursos da Lei Rouanet. "Você não vai fazer filme pra agradar a minoria com dinheiro público", sentenciou. "Todos estão livres pra se expressar. Contanto que busquem seus patrocínios na sociedade civil."
Essas frases geraram manchetes em vários portais, inclusive sites do Grupo Globo. Tais declarações — que podem ser interpretadas como postura discriminatória de minorias — servem de munição para os críticos de Regina Duarte.