Atriz de 69 anos rouba a cena ao mostrar os seios em Hebe
Stella Miranda faz interpretação impagável de Dercy Gonçalves no filme sobre a saudosa rainha da TV
(Atenção: este texto contém spoilers.)
Ícone da comédia escrachada, Dercy Gonçalves (1907-2008) mostrou os seios várias vezes durante participações no sofá de Hebe Camargo.
Como o programa era sempre ao vivo, os câmeras do estúdio nem tinham tempo de mudar o ângulo para não focalizar o topless da comediante.
Um desses momentos quase surreais é reproduzido no longa Hebe, em cartaz desde o final de setembro.
Na sequência, Dercy afirma ser mais bonita do que a transexual Roberta Close, coloca-se em pé diante do auditório e levanta a blusa.
No switcher (a sala de controle), um diretor da Band – emissora na qual Hebe trabalhou no início da década de 1980 – oscila entre a perplexidade e a fúria.
O diretor do filme, Maurício Farias, escalou uma veterana do humor para viver a bufônica Dercy.
Stella Miranda, de 69 anos, é atriz com formação na França. No teatro, além de atuar, ela escreve, produz e dirige. Estrelou vários musicais e se notabilizou ao viver Carmem Miranda em um espetáculo do gênero.
Estreou na TV em 1987 na novela Direito de Amar, na Globo. Tornou-se parceria de Miguel Falabella na teledramaturgia do multiartista.
Fez com ele Salsa e Merengue (1996), A Lua Me Disse (2005), Aquele Beijo (2011), Pé na Cova (2013) e Brasil a Bordo (2018). A personagem mais popular foi a síndica Álvara, vilã debochada do seriado Toma Lá Dá Cá (2007 a 2009).
A aparição mais recente da atriz foi como a gélida rainha Getrudes na reta final de Deus Salve o Rei, no ano passado.
Sua marca registrada é o domínio da voz. Consegue diferentes registros – do cômico ao dramático, do agudo ao grave.
Assim como Dercy sempre foi destemida, Stella Miranda demonstra ter a coragem dos atores que se entregam de corpo (literalmente) e alma à personagem, despidos de pudor em nome da arte.
A cena dos seios à mostra não tem nada de apelativa. Está absolutamente integrada ao contexto do roteiro e à mensagem contra a censura empunhada pela cinebiografia de Hebe.
Na luta em defesa das liberdades individuais, Dercy usava o próprio corpo de maneira política.
E, cá entre nós, aqueles belos seios desnudos chocavam menos do que o palavrório saído de sua boca incontrolável.
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