Atuais novelas da Globo sofrem com fuga de público
Teledramaturgia da emissora enfrenta queda de audiência após vários folhetins bem-sucedidos
Há quatro semanas no ar, O Sétimo Guardião registra média de 29 pontos. No mesmo período, a antecessora Segundo Sol tinha 32.
A novela de Aguinaldo Silva reintroduziu o realismo fantástico na principal faixa de ficção da Globo. A trama ainda não mostrou a que veio: gira em círculos sem apontar um destino.
Nota-se a ausência da inventividade e do humor sarcástico (com necessária crítica social) do mais sagaz novelista da televisão brasileira.
O Sétimo Guardião também não repercute nas redes sociais, que se tornaram o melhor termômetro para determinar a aprovação e o sucesso de uma atração de TV.
Precisa reagir rápido para se aproximar dos números gerais de Segundo Sol (33 pontos), O Outro Lado do Paraíso (38) e A Força do Querer (36).
Na faixa das 19h30, O Tempo Não Para, de Mário Teixeira, é um primor de texto. Faz excelente uso dramatúrgico das mudanças de costumes e dos avanços e retrocessos na sociedade brasileira desde a época da libertação dos escravos.
O elenco demonstra afinação completa e há aquele bem-vindo tom cômico que contribui para o escapismo que o telespectador busca ao ligar a TV.
Exibida desde julho, está com 25 pontos de média, com perda de público nas últimas sete semanas. Por enquanto, tem o mesmo índice da produção anterior, Deus Salve o Rei, mas se mantém longe de Pega Pega (29 pontos), finalizada em janeiro deste ano.
O maior problema da Globo, no momento, é Espelho da Vida, a novela espiritualista de Elizabeth Jhin, ocupante das 18h30.
A autora se tornou especialista no gênero, porém, desta vez, o enredo a respeito de vidas passadas não emocionou o público.
Os protagonistas não têm carisma e o vai e vem entre o passado e o presente aborrece ao invés de suscitar curiosidade.
Com 18 pontos de média, Espelho da Vida tem poucas chances de se igualar no Ibope às antecessoras Orgulho e Paixão (21 pontos), Tempo de Amar (23) e Novo Mundo (24).
Malhação – Vidas Brasileiras não preservou o bom índice da temporada passada, Viva a Diferença. No placar, 16 pontos parciais a 20 pontos finais.
Essa queda de audiência nas quatro novelas pode ter sido ocasionada, em parte, por fatores externos, como o crescimento de programas da concorrência (SBT e RecordTV) e a transferência de público para os serviços de streaming, como a Netflix e o Now.
Mas, nos casos de Malhação, Espelho da Vida e O Sétimo Guardião, o fator principal está mesmo nos roteiros: as tramas não empolgaram, o ritmo é burocrático, falta a criação de expectativa e a maioria dos personagens não cativa.
A novela possui o poder mágico de, momentaneamente, nos tirar das agruras da realidade e oferecer uma distração terapêutica. Quando isso não acontece, não há razão para assisti-la.
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