Audiência de Amor de Mãe não sobe apesar de suas qualidades
Novela com narrativa consistente está entre os piores resultados dos últimos três anos na faixa das 21h da Globo
Dramaturgia forte, minuciosas conexões entre personagens, atuações vibrantes, visual interessante, bom ritmo, discurso social coerente com o Brasil de hoje. São inúmeros os atrativos de Amor de Mãe, de Manuela Dias, autora estreante às 9 da noite. Mesmo assim, o folhetim inovador não se destaca no Ibope.
Nas primeiras oito semanas de exibição, a principal novela da Globo marcou média de 28 pontos. Cada ponto representa 75 mil domicílios na Grande São Paulo (o equivalente a 203 mil pessoas diante da TV).
Na comparação com as seis produções anteriores do horário, Amor de Mãe ficou à frente apenas das problemáticas A Lei do Amor (25.6 pontos) e O Sétimo Guardião (27.3 pontos) — e distante dos melhores resultados, O Outro Lado do Paraíso e A Dona do Pedaço, com 32 pontos cada nos 48 capítulos iniciais.
Como explicar o desempenho ainda insatisfatório da novela atual no Ibope? O período contribui para a baixa repercussão: dezembro e janeiro são meses de festas e férias, com menos público sintonizado em TV.
Outro motivo pode ser o excesso de drama e a ausência de núcleo cômico. Novelas assim afastam muita gente em busca de escapismo. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a soturna A Regra do Jogo (2015-2016).
Apesar da audiência estagnada, Amor de Mãe merece ser bem avaliada. Trata-se de uma tentativa relevante de renovar o gênero inserindo elementos do cinema e das séries.
O futuro da telenovela brasileira não está no popularesco, como alguns autores imaginam, e sim na modernização da maneira de contar as histórias. Amor de Mãe avança nesse árduo caminho.