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Autor comenta livro que 'previu' guerra de vacinas com China

Tarsis Magellan se inspirou em documentos vazados por Edward Snowden sobre a Inteligência Brasileira para criar a ficção

19 jul 2020 - 14h04
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A CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus produzida pela indústria chinesa Sinovac Biotech, começa fase decisiva de testes em voluntários de São Paulo nos próximos dias. No livro Unicelular, da editora Martin Claret, a gigante farmacêutica Biotech, da China, está envolvida em um misterioso projeto no Brasil. Um incidente faz uma agente da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) correr atrás de um antídoto capaz de salvar vidas. A coincidência entre realidade e ficção surpreendeu o próprio autor da obra, Tarsis Magellan, que escreveu o terror tecnológico há 4 anos sem jamais imaginar a pandemia de covid-19.

O escritor Tarsis Magellan: "O negacionismo científico será discutido em livros"
O escritor Tarsis Magellan: "O negacionismo científico será discutido em livros"
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

Professor de Literatura, o manauara é fã de autores famosos pela fantasia ilimitada ao criar realidades distópicas, como Júlio Verne (Viagem ao Centro da Terra / Vinte Mil Léguas Submarinas) e H. G. Wells (A Guerra dos Mundos / A Máquina do Tempo). Para escrever Unicelular, ele pesquisou documentos oficiais da NSA, a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, descobertos e vazados pelo ex-analista Edward Snowden em parceria com o WikiLeaks. Tarsis Magellan sonha ver seu livro transformado em série de TV. Até imagina atrizes para o papel principal.

Quais coincidências unem seu livro às circunstâncias da pandemia de covid-19?

O livro, escrito em 2016, foi publicado pela editora Martin Claret justamente no ano em que fomos surpreendidos por uma pandemia. Na história de Unicelular, eu me refiro a uma grande biofarmacêutica chinesa chamada Biotech que busca conquistar o mercado de vacinas; para isso, investe em uma gigantesca iniciativa biotecnológica que abrange inclusive um museu de suas experiências bem-sucedidas. Ocorre que a biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech fechou parceria com o Instituto Butantan (aliás, também citado no livro como um dos investigadores dos experimentos da Biotech). Tal parceria, noticiada nas últimas semanas, mostra o experimento de uma vacina contra a covid-19, uma narrativa da vida real que lembra muito as intenções da farmacêutica chinesa do meu livro.

Ficou surpreso ao constatar essas coincidências?

Sim, e muitos amigos leitores também. Quando me inspirei em biofarmacêuticas grandes, a Sinovac Biotech já era conhecida por produzir e experimentar vacinas. Seu poderio biofarmacológico é influente, mas não imaginei que ela estaria nas páginas dos jornais em 2020, e associada a um político brasileiro (o governador de SP João Doria) que, como no livro, está por trás dos pactos milionários com a Biotech, negociando tecnologias entre Brasil e China. Pode ser uma coincidência, já que nossas negociações com a China são feitas há pelo menos 10 anos. No entanto, vacinas, vírus, Butantan e pacto político são expressões que definem o enredo de Unicelular, além da luta árdua entre homens e micróbios.

Quais foram as fontes de inspiração para o livro?

Desde a minha adolescência até a fase adulta descobri que sou um leitor fascinado por ciência. Li todos os livros de Michael Crichton, autor de O Enigma de Andrômeda, Jurassic Park e Dentes de Dragão. Também me inspirei nos universos de Júlio Verne e H. G. Wells. Todos os livros que se aventuram na Ciência, dos autores mencionados, inspiraram o enredo de Unicelular. Pensei na história no período de três anos, baseando-me em pesquisas e entrevistas para fundamentar o enredo.

Pensa acrescentar algo na obra em uma edição futura?

Depois que o mundo mudou com esta pandemia, talvez seja interessante acrescentar notas de rodapé e, quem sabe, ilustrações para melhor elucidar a guerra entre a humanidade e os micróbios.

Trama de Unicelular prova que a ficção pode antecipar de maneira surpreendente a realidade futura
Trama de Unicelular prova que a ficção pode antecipar de maneira surpreendente a realidade futura
Foto: Reprodução

Acha que a pandemia de covid-19 vai mudar a literatura em geral e a ficção científica?

Sim. Alguns livros de ficção científica foram na contramão e prenunciaram esse momento, o que me assusta de certa forma. Creio que nossas relações sociais, depois desta pandemia, ditarão um novo tipo de cultura para a literatura. O drama das mortes por conta da covid-19, a iminência de uma vacina e a mudança de comportamento vão, com certeza, inspirar tramas em que a ciência e o negacionismo científico serão discutidos.

Planeja negociar seu livro para vê-lo como filme ou série?

Para negociar é necessário um agente (e dos bons) que tenha acesso a produtores de conteúdo que trabalham para grandes estúdios. Se isso acontecer, gostaria muito de ver Unicelular em formato de série, em plataformas como HBO, Amazon, Globoplay ou Netflix. Imagino uma produção pelas mãos do cineasta brasileiro José Padilha, diretor de RoboCop e Tropa de Elite, com um elenco latino, diversificado, como são os personagens de Unicelular. Sou fã de Black Mirror, Além da Imaginação, Dark, Stranger Things e Westworld.

Enxerga a protagonista Rosa Villar, que é uma agente da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), em alguém da vida real, com papel relevante nesta pandemia?

Com certeza, Rosa Villar é bastante real, se aproxima das mulheres que resolvem grandes problemas, com discrição. No livro, ela executa ações de cunho diplomático e provavelmente evita que uma batalha entre homens e micróbios se alastre para além de terras brasileiras. Em uma pandemia como a que vivenciamos hoje, a personagem encontraria caminhos e soluções que provavelmente nenhum homem conseguiria. Sua capacidade cognitiva para resolver problemas muitas vezes a colocaria em risco. É claro que ela não é um Rambo ou um Bruce Willis de Duro de Matar, está mais para a tenente Ellen Ripley, de Alien.

Quais atrizes poderiam interpretar a personagem?

De Salma Hayek a Glória Pires, qualquer grande atriz latina. Já tentei contato com essas atrizes para entregar um exemplar do livro, mas não tive sucesso. No entanto, acredito que qualquer atriz que transpareça um perfil para uma personagem sóbria, destemida, determinada e bastante perspicaz se encaixaria na Rosa Villar que imaginei.

Como consome o tempo livre na quarentena?

Sempre estou ligado em séries de ficção científica, policiais e históricas. Também estou usando o tempo para produzir conteúdo para os alunos da instituição de ensino em que trabalho, já que as aulas estão suspensas. Também uso o tempo para finalizar leituras e construir a nova trama de Rosa Villar, enquanto torço e espero que a Ciência encontre uma solução para esta pandemia.

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