Boa heroína, Jeiza representa a força feminina na sociedade
Personagem de Paolla Oliveira foge do perfil de mocinha frágil e ingênua
‘A Força do Querer’ tem três protagonistas femininas: a sonhadora ‘sereia’ Ritinha (Isis Valverde), a ambígua Bibi (Juliana Paes) e a destemida Jeiza (Paolla Oliveira). Esta última tem uma composição dramatúrgica que oxigena a figura da mocinha de novela.
O telespectador, por mais boa vontade que tenha, já não se interessa tanto por heroínas puras, completamente ingênuas e frágeis, à espera de um galã salvador.
Os tempos são outros. A mulher rompeu de vez o estereótipo do sexo frágil e se tornou a principal mola propulsora da sociedade brasileira.
Ela não tem mais dependência do homem, ainda que esta mesma sociedade machista ainda veja uma mulher sozinha e/ou independente – ou seja, sem uma companhia masculina – como ‘incompleta’.
Policial e lutadora de MMA, Jeiza representa a justiça e a força. Com coragem e charme, enfrenta os perigos inerentes à profissão e os adversários no octógono.
Ao mesmo tempo, é uma mulher como qualquer outra: vaidosa, com momentos de fragilidade e em busca de um grande amor para construir uma história feliz.
No capítulo exibido na sexta-feira (21), a personagem protagonizou a sequência com maior repercussão na internet desde a estreia do folhetim de Gloria Perez, no início de abril.
Jeiza organizou uma festa surpresa para o então noivo, Vitor (Alejandro Claveaux), com quem morava junto. Mas surpreendente mesmo foi vê-la escorraçar o rapaz diante dos convidados.
Passional e estrategista, Jeiza descobriu ter sido traída, juntou fotos de um flagra, arrumou as malas dele e, com apetitosa dose de cinismo, armou a expulsão no meio da comemoração do aniversário do ex-futuro marido.
Ao tentar se explicar, Vitor foi humilhado. “Sem DR, sem DR!”, ordenou Jeiza. “Vaza, vai.” Ao voltar aos comes e bebes, ela deixou os amigos boquiabertos: “Bora comemorar, meu povo. A festa só mudou o motivo. Tô solteira, bora brindar”.
A policial do Batalhão de Ações e Cães possui a boa construção de personalidade vista em outras heroínas contemporâneas criadas por Gloria Perez. Entre elas, a igualmente audaz ‘delegata’ Helô (Giovanna Antonelli) de ‘Salve Jorge’ (2012).
Realista, Jeiza está em sintonia com a brasileira que luta como uma leoa para se realizar na profissão, defender a família e amar intensamente.
Uma heroína atualizada, em sintonia com seu tempo. Ficcional, sim, mas verossímil – e com irresistível dose de carisma.
Mérito também de Paolla Oliveira. Sempre competente, a atriz se reinventa a cada novo trabalho e faz de Jeiza uma das melhores personagens de sua carreira. Não há noveleiro que resista a esse golpe certeiro de talento e beleza.