Bonner faz 56 anos: jornalista mais poderoso e odiado da TV
Âncora do Jornal Nacional consegue blindar vida pessoal da invasão de privacidade e dos ataques nas redes sociais
Se a Globo é a maior inimiga midiática da direita e da esquerda, William Bonner pode ser considerado o grande desafeto dos dois extremos ideológicos.
O jornalista se tornou alvo preferencial da fúria do presidente Jair Bolsonaro e também da revolta do ex-presidente Lula. E isso é bom para o âncora.
Ao desagradar gregos e troianos da política nacional, o editor-chefe do JN se livra, teoricamente, da acusação de praticar jornalismo partidário e manipulador.
A missão da imprensa não é agradar a nenhum dos lados, e sim reportar a verdade dos fatos, doa a quem doer – e suportar as consequências dessa missão nobre, porém, onerosa.
Principal nome do jornalismo da Globo, exposto todas as noites no telejornal de maior audiência do País, Bonner virou vidraça. A respeito dele são postadas matérias tendenciosas em sites e blogs belicosos e críticas agressivas nas redes sociais.
Em desabafo feito em 2018, o apresentador classificou esse comportamento de “ira patológica”. Hoje, não compartilha mais nada com seus seguidores. Exclui-se do Instagram e parou de postar no Twitter. Disse ter tomado tal decisão para “viver a vida de verdade”.
Uma vida pouco conhecida. Apesar de ser uma das pessoas mais famosas do Brasil, William Bonner consegue resguardar a intimidade. Pouco se sabe de sua rotina e sobre os hábitos, os passatempos, os amigos, o casamento. No máximo, passeios no shopping flagrados por paparazzi.
O jornalista mais poderoso da televisão brasileira parece ser um cidadão comum: não demonstra necessidade de ostentar em público o poder, o status e a riqueza que possui. Mostra-se imune aos apelos quase irresistíveis do frívolo universo das celebridades.
A partir dos 22 anos, idade que tinha ao estrear na Globo, a vida de Bonner correu em paralelo ao telejornalismo da Globo. Ele fez parte de coberturas relevantes e atuou diretamente na modernização do departamento.
Colaborou na desconstrução daquele jornalismo burocrático, distante da coloquialidade do cotidiano e da compreensão da maior parte da população. Descontraído, William até salpicou humor em situações oportunas.
Desde 1996, o âncora está na bancada do JN. Tornou-se editor-chefe três anos depois. Neste dia 16, o jornalista completa 56 anos. O presente quem dá é o telespectador: o Jornal Nacional vive o melhor momento de audiência dos últimos anos.
As tentativas de boicote dos grupos anti-Globo falharam. Em algumas regiões metropolitanas, o telejornal chega a registrar mais audiência do que a novela das 21h. Na Grande São Paulo, foi assistido por mais de 7 milhões de pessoas em uma única edição semanas atrás.
Até os líderes influentes que dizem odiá-lo, como Bolsonaro e Lula, pedem para ser entrevistados pelo JN. Após cada “boa noite” dito na bancada, William Bonner pode, por enquanto, relaxar e ir aproveitar sua “vida de verdade”.