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Cenas emocionantes minimizam desgraça sem fim em Amor de Mãe

Revelação de Lurdes a Danilo e reencontro com os outros filhos contrapõem excesso de violência na novela

8 abr 2021 - 09h20
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Lírica no início, ‘Amor de Mãe’ se tornou uma novela difícil de assistir na segunda fase. Virou um folhetim de crimes e mortes, infortúnios e sofrimento. Overdose de drama em um dos momentos mais tensos da vida dos brasileiros, com a pandemia descontrolada, o medo a dominar o pensamento e a incerteza a respeito do futuro.

Sequência com Lurdes e Danilo em êxtase e Thelma desesperada fez ‘Amor de Mãe’ chegar ao primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter
Sequência com Lurdes e Danilo em êxtase e Thelma desesperada fez ‘Amor de Mãe’ chegar ao primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

A tradicional novela das 21h, que sempre serviu de escapismo, dessa vez se impôs tão dura quanto a realidade. Sem humor, sem esperança, sem conforto emocional. Mas o capítulo de quarta-feira (7) ofereceu alguns minutos de alento. O público merecia enfim chorar de emoção pela ficção, e não de tristeza pelo que está a viver.

O tão aguardado reencontro de Lurdes, a mãe guerreira, com Domênico, o filho roubado, teve a emoção prevista, com atuações contundentes de Regina Casé e Chay Suede — este, um dos melhores atores da nova geração. Pouco texto, muitas lágrimas, olhares cúmplices, abraços confortantes, sorrisos de alívio. Foi bonito.

A sequência devolveu o verniz poético aplicado pela autora Manuela Dias no começo de ‘Amor de Mãe’, uma saga feminina valorizada pelo visual de cinema. Igualmente tocantes as cenas de Camila (Jéssica Ellen) e Magno (Juliano Cazarré) recebendo a ligação da matriarca tida como morta e o retorno de Lurdes aos braços dos filhos em sua casa.

A trajetória de ‘Amor de Mãe’ foi prejudicada pelas restrições impostas pela pandemia de covid-19. Houve ainda um problema interno: a insistência da autora em construir uma trama excessivamente soturna e com pouca comunicação com o público. Lembrou o erro cometido por João Emanuel Carneiro na também sombria e violenta ‘A Regra do Jogo’ (2015-2016).

O novelão das 9 sempre oferece pitadas generosas de drama. O público até gosta de sofrer um pouco com protagonistas injustiçados e heroicos. Acontece que agora o tempero veio forte demais. Essa época ímpar pedia um folhetim mais leve, um contrapeso à dureza do noticiário. Faltou proporcionar a nós, telespectadores confinados, o alívio que se espera sentir ao ligar a TV para se desligar da vida real.

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