'Chernoboys' do BBB20 ganham apenas má fama, vexame e haters
Competidores considerados machistas são desprezados no jogo, na mídia e nas redes sociais
Depois de dezenove edições, qualquer candidato minimamente sagaz consegue concatenar o que fazer e, principalmente, o que não fazer no Big Brother Brasil a fim de ter uma chance real de ganhar o prêmio ou, se não chegar à final, faturar com a valiosa visibilidade proporcionada pelo reality show.
No BBB20, essa teoria não se aplica à maioria dos candidatos homens. Estão quase todos equivocados: apresentam comportamento autossabotador capaz de eliminar qualquer possibilidade de vitória. Chance igualmente pequena de ganhar dinheiro na condição de subcelebridade (título intrínseco a quem participa desse tipo de atração de TV).
Cinco brothers — Lucas Chumbo, Petrix Barbosa, Hadson Nery, Felipe Prior e Lucas Gallina — foram apelidados nas plataformas digitais e por parte da mídia de 'chernoboys'. O termo é usado para designar o homem com atitude sexista em relação às mulheres. Trata-se de uma referência ao desastre nuclear de Chernobil, ocorrido na então União Soviética em 1986, com efeitos radioativos devastadores.
Os primeiros três participantes citados foram eliminados com alto índice de rejeição. Lucas está no quinto Paredão e, de acordo com enquetes em portais de notícias, é alta a probabilidade de ser eliminado hoje ou em breve. Felipe se livrou do último emparedamento por ter conquistado a imunidade ao atender o Big Fone. Com péssima imagem, ele desperta ojeriza em vários colegas de confinamento e está na mira de boa parte dos telespectadores do programa.
Esse quinteto parece não ter aprendido nada sobre estratégia de jogo com as edições anteriores do BBB. Transmitiram aos colegas de competição e ao público a imagem de machistas, misóginos, sexistas e prepotentes. Tentaram de maneira vexatória criar uma espécie de Clube do Bolinha com a intenção de enfraquecer as mulheres e alguns homens não aliados. Essa ação foi tão ingênua quanto improdutiva. Acabaram sendo inimigos deles próprios e cavando a expulsão sumária dos agrupados, um a um.
No auge dos movimentos civis e governamentais de respeito às mulheres, com o feminismo cada vez mais defendido na sociedade global, esses brothers surfam contra a maré. Conseguem a proeza de estimular vários artistas e influencers, como Bruna Marquezine e Sophia Abrahão, a mobilizar seus milhões de seguidores em plataformas digitais para votar contra eles. Foram criticados no Twitter até pelo diretor artístico do Big Brother Brasil, o todo-poderoso Boninho, que não soube explicar de onde tirou tantos "machos pobres", na classificação do seguidor que o interpelou.
Ao colocar os pés fora do reality show, Lucas Chumbo, Petrix Barbosa e Hadson Nery tomaram um choque de realidade — os dois primeiros se viram obrigados a pedir desculpas em público por determinados atos e palavras. Perceberam o desprezo da maior parte dos telespectadores e, depois, sumiram do mapa. A eles provavelmente não haverá aquela esperada sobrevida pós-Big Brother: a chance de esticar a fama instantânea e faturar bons cachês com a popularidade efêmera. Afinal, pior do que o rótulo pejorativo de 'ex-BBB' é ser um ex-BBB malquisto.
Nesse Big Brother Brasil 20, vendido como histórico pela Globo, o maior feito até agora é o massacre do androcentrismo, a partir da união feminina contra a masculinidade tóxica. O macho alfa nunca esteve tão fragilizado no reality show mais amado e odiado da televisão brasileira.