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Jeff Benício

Cinco momentos polêmicos na guerra entre Bolsonaro e Bonner

Troca de provocações atiça a militância do presidente e impulsiona a repercussão do ‘Jornal Nacional’

15 fev 2021 - 09h42
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O relógio marcava 19h21 naquele domingo, 28 de outubro de 2018, quando William Bonner anunciou ao vivo na Globo que Jair Bolsonaro havia sido eleito presidente da República. Desde então, o âncora do ‘Jornal Nacional’ e o chefe do Executivo vivem em clima bélico.

A discórdia entre Bonner e Bolsonaro virou uma atração à parte na TV e no governo
A discórdia entre Bonner e Bolsonaro virou uma atração à parte na TV e no governo
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

O chefe do Executivo já disparou xingamentos, acusações e deboche pesado contra o jornalista. Chegou a desafiá-lo a um embate olho no olho na bancada do ‘JN’. Diplomático, Bonner nunca respondeu diretamente, mas enviou recados por meio de comentários críticos e expressões faciais de ironia ao noticiar controvérsias de Bolsonaro.

O blog selecionou episódios inusitados recentes dessa relação midiática:

  • Em 5 de janeiro deste ano, Bonner leu em tom jocoso uma declaração informal de Bolsonaro, na qual ele reclamou que “o Brasil está quebrado”. Em seguida, no comentário da notícia, o âncora disse “cidadões ou cidadãos brasileiros”. A citação do plural errado da palavra cidadão foi interpretada nas redes sociais e pela imprensa como uma alfinetada do jornalista ao modo peculiar de o presidente se expressar, com eventuais deslizes gramaticais.
  • Na edição do dia seguinte, Bonner passou a impressão de imitar a voz e o gaguejar de Bolsonaro ao ler uma crítica do presidente à imprensa. A repercussão foi imediata: as redes sociais se divertiram com o sarcasmo velado e vários veículos de comunicação transformaram em manchete a suposta provocação do âncora. O presidente não demorou a reagir. Horas depois, durante conversa com apoiadores em Brasília, chamou Bonner de “sem-vergonha” e “maior canalha”.
  • No dia 14, o âncora do ‘JN’ quebrou o protocolo ao fazer um comentário pessoal, fora do roteiro, para reclamar dos negacionistas da pandemia e de quem desacredita as vacinas. “Nós estamos esgrimando com loucos, irresponsáveis, com gente que é capaz de entrar num WhatsApp da vida e ficar espalhando mentira a bel-prazer. As mentiras mais absurdas, crendices. Tem gente que faz isso vestido de cargo público”, disse. A frase final foi interpretada como referência a Bolsonaro, considerado inimigo da ciência e dos protocolos sanitários de prevenção ao novo coronavírus.
  • Em live de 21 de janeiro, ao rebater informação lida por Bonner de que as relações diplomáticas do governo com a China e a Índia estavam ruins, Bolsonaro disse que o âncora tinha “cara de pastel” e “cara de último a saber das coisas”. Poucos dias depois, a gestão federal conseguiu destravar as negociações com os dois Países para receber insumos e vacinas contra covid-19.
  • Bonner raramente concede entrevistas. Quando abriu exceção a Pedro Bial, em maio de 2020, o apresentador criticou Bolsonaro sem citá-lo nominalmente ao falar de disseminadores de fake news, negacionistas e defensores de remédios sem eficácia científica. “O que dizer de uma pessoa que inventa um boato dando conta de que uma certa vacina mata ou produz um efeito ruim? Ou o contrário, alguém que inventa uma informação de que um determinado medicamento está salvando as pessoas? O que é isso senão a maldade?”
  • Essa animosidade entre o presidente e o mais poderoso âncora da televisão rende benefícios a ambos. A postura antiGlobo de Bolsonaro agrada a seus eleitores e seguidores on-line. O ódio contra Bonner, o ‘Jornal Nacional’ e a emissora virou uma espécie de capital político — usado, aliás, da direita à esquerda no espectro político. O apresentador e editor-chefe do telejornal mais visto do País paga preço alto pela rixa (ataques virtuais, hostilidade na rua, supressão de liberdade), porém vê seu prestígio em alta e liderança confortável do ‘JN’ no Ibope.
  • Sempre que o presidente o ataca, milhões de pessoas correm para frente da TV a fim de conferir se William Bonner dará uma resposta contundente. “Eu tô vendo o dia que o Bonner vai abrir o JN xingando o Bolsonaro ao vivo!”, escreveu uma telespectadora no Twitter, em 30 de março do ano passado. Essa cena dificilmente será vista. Contudo, as insinuações e chacotas entre os dois certamente estão longe do fim.
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