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Cine Holliúdy faz o povo se ver na TV e rir para esquecer

Série foge do padrãozinho Rio-São Paulo e oferece o escapismo que precisamos em tempos difíceis

10 mai 2019 - 11h46
(atualizado às 12h00)
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Nos últimos anos, a Globo exibiu séries dramáticas com pouco ou nenhum alívio cômico nas tramas. 

Francis (Edmilson Filho) e sua musa Marylin (Letícia Colin): um pouco de fantasia e brejeirice para melhorar o humor do brasileiro
Francis (Edmilson Filho) e sua musa Marylin (Letícia Colin): um pouco de fantasia e brejeirice para melhorar o humor do brasileiro
Foto: Marcos Rosa/TV Globo / Divulgação

Na lista estão a recém-encerrada Se Eu Fechar os Olhos Agora, Treze Dias Longe do Sol (2018), Dois Irmãos (2017), Justiça (2016) e a atual Assédio.

Foram produções ricas em dramaturgia, produção de arte, direção e interpretações. Produtos com potencial para prêmios internacionais.

Contudo, poucas geraram mobilização relevante no público. As pessoas assistiram, mas sem maior envolvimento, sem o boca a boca nem o frenesi nas redes sociais.

O contrário acontece com Cine Holliúdy, baseada no filme homônimo de Halder Gomes

Desde o final do primeiro episódio, na terça-feira (dia 7), a série de humor gerou incontáveis comentários, manchetes e cliques – além de ter aumentado a audiência da Globo naquela faixa horária.

Milhões de telespectadores gostaram de ver a batalha do dono de cinema Francisgleydisson (Edmilson Filho) contra a chegada de uma ameaça à pacata Pitombas: a televisão.

O ‘cabra’ toma como missão não deixar a tecnologia matar a sétima arte. Essa luta entre a tradição e a ameaça representada pelo progresso é um tema antigo e ainda interessante.

Parte do sucesso instantâneo de Cine Holliúdy se explica pelo enredo, mas há outros dois aspectos aparentemente mais fortes.

O primeiro é o retrato pitoresco do Brasil profundo, com sua gente simples e carismática. Certamente muitas pessoas se identificam com os personagens, seja pelo que viveram no passado ou por aquilo que vivem hoje.

A produção nos faz lembrar de uma época na qual ríamos mais, odiávamos menos. Era um tempo de quase inocência. Bate aquela nostalgia saudável.

O protagonismo da estética, do estilo de vida e do humor dos nordestinos dá visibilidade a uma imensidão de brasileiros pouco representados na teledramaturgia da maior emissora do Brasil.

Quem não gosta de ligar a televisão e reconhecer traços de sua cultura nativa? Ainda que, também em Cine Holliúdy, vários personagens daquela região sejam interpretados por atores do eixo Rio-São Paulo.

A outra explicação para a excelente receptividade do público à série é o escapismo: nada melhor do que dar boas risadas com a ficção para esquecer momentaneamente as agruras pessoais e os quiproquós do País.

Entretenimento simples e eficiente se tornou cada vez mais raro na TV aberta. Daí a fuga para os canais fechados, os serviços de streaming e o YouTube.

Cine Holliúdy traz em seu DNA uma televisão com a cara do povo e para o povo – façanha rara de se ver ultimamente no nosso mais popular veículo de comunicação.

(Cine Holliúdy - Terça-feira às 22h20 na Globo)

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