CNN Brasil pode se beneficiar de crise na GloboNews
Novo canal de notícias gera alta expectativa enquanto a emissora tradicional da TV paga perde público
Índices que circulam na imprensa apontam queda de audiência da GloboNews em 2019. Fala-se em até 35% de perda de público. No ar desde 1996, o canal do Grupo Globo demonstra dificuldade em se reinventar nesses tempos de crescimento da interação digital. Brecha interessante para o novo concorrente direto.
Entrará no ar em março a CNN Brasil, emissora licenciada da principal TV de programação jornalística do planeta, sediada em Atlanta, nos Estados Unidos. O canal estreante, comandado pelo ex-vice-presidente de jornalismo da RecordTV Douglas Tavolaro, pretende fazer o que Band News e RecordNews não conseguiram: superar a GloboNews no Ibope, no faturamento e na relevância.
O investimento do sócio Rubens Menin, proprietário da construtora MRV e dono de fortuna de 8 bilhões de reais, pretende fazer da CNN Brasil uma das TVs mais modernas do País. O time de apresentadores e repórteres inclui estrelas do jornalismo formadas na Globo, SBT e RecordTV. Não faltam dinheiro e ambição, resta descobrir se haverá a inovação prometida.
Na era das fakes news e da polarização generalizada, um canal de notícias precisa conquistar a confiança dos telespectadores. A curiosidade inicial a respeito da emissora poderá se esgotar rapidamente. Por isso é essencial fidelizar o público o quanto antes a partir de programação consistente.
Todo mundo sabe que âncora famoso, por si só, não segura a audiência. Sem bons formatos e ampla repercussão (no boca a boca e nas redes sociais) nenhuma emissora faz a desejada diferença. A CNN Brasil tem a seu favor o engessamento da GloboNews. O canal do clã Marinho abre pouco espaço para novos jornalistas, não ousa nos modelos de programas e insiste em cansativa repetição de material (as mesmas imagens e textos) em diferentes edições de seus telejornais.
Esse período de fragilidade da GloboNews pode beneficiar a CNN Brasil. Contudo, duas coberturas jornalísticas tendem a favorecer o canal precursor. Os Jogos Olímpicos de Tóquio (com direitos de transmissão da Globo) e as eleições municipais exigirão infraestrutura gigantesca e afinada, como a que a GloboNews já tem e foi testada diversas vezes nos últimos 24 anos.
Sob pressão de todos os lados (da imprensa, do investidor, do mercado publicitário e do assinante da TV paga), após mais de um ano de estruturação, a CNN Brasil terá pouco tempo para mostrar a que veio.
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