Com novelas, Globo atiça a sexualidade do telespectador
Tramas do canal fazem o povo discutir aquilo que quase não se conversa em família
Beijo entre namoradas em ‘Malhação – Viva a Diferença’. Final romântico de casal gay em ‘Pega Pega’. Homossexual enrustido arrancado do armário em ‘O Outro Lado do Paraíso’.
A sexualidade e suas intercorrências fazem parte do cotidiano da programação da Globo, emissora com mais audiência do País.
O canal leva até a sala do brasileiro temas considerados polêmicos e evitados na maioria das conversas entre pais e filhos.
A teledramaturgia deixou de destacar apenas romances clássicos entre galãs e heroínas e passou a exibir tramas a respeito de homossexualidade e casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Com isso, tirou o telespectador de sua zona de conforto. Nesse aspecto, a TV foi além da função de entreter: se tornou uma ferramenta de transformação social.
Por meio da ficção, mostra-se situações cotidianas pouco discutidas e dá-se visibilidade a conflitos íntimos e coletivos que grande parte das pessoas prefere fingir não ver (ou ter).
O abuso sexual de marido contra mulher em ‘O Outro Lado do Paraíso’, por exemplo. A calorosa paixão interracial também no atual folhetim das 21h. Ou a transexualidade reprimida e mal compreendida de ‘A Força do Querer’.
Ressalta-se também a liberdade e a diversidade sexuais, levando o público a conhecer – e se maravilhar ou chocar – com possibilidades que transpõem a heterossexualidade.
Muita gente aprova esse papel ‘libertador’ do mais popular veículo de comunicação do Brasil. Tantos outros reprovam o que consideram um desserviço à moral e aos padrões mais aceitos pela sociedade.
Ao explorar as múltiplas camadas do sexo e da sexualidade, a televisão convida o telespectador a encarar seus próprios desejos, dúvidas e preconceitos.
Contudo, ainda que seja poderosa influenciadora, a TV não tem a capacidade de mudar a sexualidade de ninguém.
Quem está seguro de sua orientação sexual jamais será perturbado por um personagem ou enredo discordante do que se é.
A televisão apenas instiga, como se fosse um eficiente afrodisíaco.
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