Comentarista se comove por diretor de jornal vítima da covid
Flávia Oliveira revela detalhe dramático da luta de Aloy Jupiara contra a doença que já matou mais de 350 mil brasileiros
Na noite de segunda-feira (12), o jornalista Aloy Jupiara, 56 anos, entrou para a estatística de mortos por covid-19 no Brasil. Era diretor de redação de ‘O Dia’ e foi jurado do prêmio ‘Estandarte de Ouro’ do Carnaval carioca. Ele aparece em depoimento contundente sobre o bicheiro Castor de Andrade na série documental ‘Doutor Castor’, disponível no Globoplay.
Ontem, no ‘GloboNews em Pauta’, a jornalista Flávia Oliveira pediu licença à âncora Cecília Flesch e aos colegas comentaristas para se desviar do tema proposto para discussão a fim de prestar homenagem a Aloy, de quem era amiga e partilhava a paixão carnavalesca e a luta antirracista.
“Hoje está sendo um dia particularmente difícil nessa temporada terrível”, disse a jornalista. “Aloy era uma memória viva do Rio de Janeiro, da complexidade do Rio de Janeiro, do samba do Rio de Janeiro, um grande conhecedor das escolas de samba, autor de livros, no auge de produtividade e capacidade intelectual.”
A voz de Flávia Oliveira embargou quando ela lembrou da capa de ‘O Dia’ feita por Aloy Jupiara em 25 de março, quando o Brasil registrou a triste marca de 300 mil mortos. “Foi o dia que ele começou a sentir os sintomas da covid”, revelou a jornalista, emocionada. “Não faz nem 1 mês e já estamos perto de 360 mil mortos.”
Os outros comentaristas da edição, Gerson Camarotti, Sandra Coutinho e Mônica Waldvogel acompanharam o desabafo de Flávia com semblante abatido. “É uma tragédia inimaginável. É uma dor absurda para as famílias, os amigos, os colegas de trabalho. A essa altura, acho que ninguém no Brasil não conhece alguém que perdeu uma pessoa querida.”
Especializada em Economia e defensora de causas sociais, Flávia Oliveira chamou atenção para as múltiplas consequências da crise de saúde. “A gente não está conseguindo se ocupar dos efeitos dessa pandemia porque a gente ainda está contando corpos. Há pessoas com sequelas psicológicas, físicas, emocionais, financeiras, sociais”, afirmou. “A gente precisa conter a transmissão do vírus, curar os doentes e reconstruir esse País.”
A âncora Cecília Flesch se solidarizou. “Somos humanos, além de jornalistas. Estamos aqui para transmitir informação, mas também para mostrar o que a gente sente diante disso tudo”, disse. Horas antes, no ‘Estúdio i', a apresentadora Maria Beltrão também homenageou Aloy Jupiara. Antes de comandar ‘O Dia’, o jornalista trabalhou no ‘Extra’ e ‘O Globo’.
A morte de anônimos e conhecidos tem mexido com a emoção de profissionais de TV. Vários choraram ao vivo nesses 13 meses de cobertura ininterrupta da pandemia de covid-19 no Brasil e no planeta. Os telejornais da Globo e GloboNews insistem na humanização dos números para que as vítimas fatais do coronavírus não sejam tratadas apenas como estatística.