Culpar ou inocentar Neymar? Programas de TV se dividem
Dúvidas e reviravoltas no escândalo sexual protagonizado pelo jogador são um desafio a quem pretende fazer jornalismo imparcial
Se não há isenção, não há jornalismo. A regra é clara, como diria o ex-árbitro e ex-comentarista esportivo Arnaldo Cézar Coelho.
O caso Neymar-Najila desafia a ética de jornalistas e apresentadores. Como noticiar sem errar e opinar?
De que maneira apresentar a verdade se ninguém tem certeza do que aconteceu?
O que fazer para não condenar ou inocentar erroneamente?
A história dramática, com pitadas novelescas, divide a maioria dos formadores de opinião.
Há programas que, sem disfarçar, fazem a defesa do atacante do Paris Saint-Germain, e desacreditam a versão da suposta vítima.
Outros não poupam críticas ao comportamento do jogador e até ironizam sua hipotética ingenuidade ao se expor a alguém que ele não conhecia.
Os telejornais oscilam lá e cá. Parecem perdidos diante de tantas mensagens fracionadas de WhatsApp, trocas de acusações, trechos de vídeos e declarações de advogados.
Como extrair e repercutir informações minuciosas de uma trama que ganha novos detalhes e personagens a cada dia?
O bom jornalismo exige o contraditório, ou seja, ouvir a outra parte.
SBT e RecordTV conseguiram entrevistar Najila Trindade. As demais emissoras apenas reproduziram trechos da conversa.
Em algumas atrações, a moça foi atacada; em outras, defendida.
Vítima ou vilã? Cada um interpreta ao seu modo. O telespectador que tire sua própria conclusão.
Neymar, que tem a mídia nas mãos, ainda se mantém distante de câmeras e microfones.
Por que não convocou uma coletiva para esclarecer os fatos a partir de sua versão? Incompreensível.
Conforme o escândalo se desdobra, a imagem dos envolvidos se deteriora ainda mais.
A capa da nova edição de Veja diz que o craque pode estar perto de sofrer a maior derrota de sua carreira, motivada pela grave acusação relacionada à vida íntima.
Até que a polícia e a justiça estabeleçam a verdade – ou uma das verdades –, a mídia estará na corda bamba, sob o risco de cometer injustiças.