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“Dois homens, duas mulheres, amor é amor”, diz Xuxa

Defesa da causa LGBT+ e livro sobre família de lésbicas fazem a apresentadora ser alvo de ataques na TV e nas redes sociais

3 nov 2020 - 10h42
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Na última edição do Fantástico (dia 1), Xuxa Meneghel concedeu a melhor entrevista de seus quase 40 anos de carreira na TV. Esqueça aquela apresentadora infantilizada e com respostas ensaiadas. O que se viu foi uma mulher madura, segura, destemida. Uma artista consciente de seu papel social e da importância de usar a fama e a credibilidade para defender as causas que acredita.

Xuxa entre seus livros recém-lançados: uma artista impávida em ótima fase pessoal e profissional aos 57 anos
Xuxa entre seus livros recém-lançados: uma artista impávida em ótima fase pessoal e profissional aos 57 anos
Foto: Divulgação

A repórter Renata Ceribelli fez perguntas que nenhum jornalista ousaria formular anos atrás. Desempenhou excelente trabalho ao tocar em assuntos antes proibidos, como não ter existido paquita negra, a sequência de sexo com um garoto no filme ‘Amor Estranho Amor’ e assédio sexual nos bastidores da TV. Falou-se também da reação dos conservadores ao livro infantil de temática LGBT+ Maya - Bebê Arco-Íris, escrito por Xuxa.

Na obra da Globo Livros, a artista conta a história de uma anjinha que escolhe voltar à Terra em uma família com duas mães. A inspiração veio de sua afilhada, Maya, nascida por inseminação artificial feita pelo casal formado por Vavá e Fabi, amigas da apresentadora. Na RedeTV!, Sikêra Jr., do Alerta Nacional, atacou Xuxa.

“Vai lançar agora um livro LGBT para criança, viu? Para criança! Um livro LGBT para criança! Cuidado com o teu filho! Cuidado com a tua filha! A mesma que fez um filme com uma criança. Sim! Ela nua com uma criança de 12 anos. Ex-rainha, eu quero dizer para você que pedofilia é crime e não prescreve não, tá?”, disse o apresentador, associando a temática LGBT+ ao crime de abuso sexual de menores.

O fato de ser contratada da RecordTV, ligada à Igreja Universal, não impediu Xuxa de se tornar uma voz em defesa dos LGBT+
O fato de ser contratada da RecordTV, ligada à Igreja Universal, não impediu Xuxa de se tornar uma voz em defesa dos LGBT+
Foto: Sala de TV

Xuxa informou ter acionado seus advogados para processar Sikêra e a emissora. “Parece que ele quer ser bastante popular e caricato, uma mistura de palhaço e repórter com uma postura bem forçada, desengonçada e tosca”, escreveu. Na conversa com o ‘Fantástico’, ela revelou ter existido uma campanha virtual na tentativa de impedir o lançamento do livro sobre o bebê angelical e suas duas mães.

“Você já se apaixonou por uma mulher, Xuxa?”, quis saber Renata Ceribelli. “Não, mas se eu me apaixonasse, com certeza todo mundo iria saber", afirmou. “A gente se apaixona por pessoas, você ama muito aquela pessoa. Não vejo isso como uma coisa errada. O amor é muito mais forte do que qualquer outra coisa que a gente possa prejulgar”, disse. “Amor é amor. Dois homens podem se amar, um homem e uma mulher, duas mulheres. A gente não tem que botar um rótulo nisso. Amor é amor, não importa o sexo.”

A polêmica em torno de ‘Maya - Bebê Arco-Íris’ tem gerado visibilidade nas mais variadas mídias. Enquanto isso, ‘Xuxa Meneghel - Memórias’, lançado em setembro, registra bom desempenho comercial. Em outubro, foi o 13º livro mais vendido no País, de acordo com o ranking do portal PublishNews.

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