Dois negros se beijando na boca no 'BBB21' vira ato político
Atitude de Lucas e Gilberto amplia o contexto da diversidade sexual no reality show
O beijo caloroso de Lucas e Gilberto na festa Holi agitou a internet na madrugada deste domingo (7). A cena gerou repercussão bem maior do que o primeiro beijo do 'BBB21', entre Fiuk e Thaís, na quarta-feira (3).
A atitude do ator surpreendeu a todos dentro e fora da casa. Até então ninguém sabia de sua bissexualidade. Havia informações apenas de namoro com mulheres. Após o beijo, ele se declarou bi e revelou que a família não aceita tal condição.
Depois de conversar sobre sua sexualidade com Karol Conká, Lucas teve uma crise de choro, demonstrou temor pela reação aqui fora de seu 'outing' (saída do armário) e desistiu da competição. A saída inicia um capítulo externo no 'BBB21': o que vai acontecer com ele? Todos querem saber.
O beijo suscita discussão sobre intolerância. O ator confessou temer a reação dos parentes, dos amigos e da comunidade conservadora onde nasceu. Um drama vivido por milhões de homens e mulheres em uma sociedade homotransfóbica. O medo faz muita gente se esconder em relacionamento de fachada ou viver em solidão.
A manifestação de desejo entre Lucas e Gil ganha dimensão ainda maior por serem negros. O homem preto que se assume gay ou bi enfrenta duplo preconceito: pela sexualidade em si e pela cor da pele. No Brasil, espera-se que o negro seja sempre um macho viril, 'pegador' de mulheres, sem qualquer traço fora da heteronormatividade.
Gilberto já havia rompido com esse estereótipo castrador ao se mostrar feliz sendo gay, sem abrir mão de sua religiosidade (ele é mórmon). O doutorando em Economia não tem autocensura: se expressa livremente com seus trejeitos. Um tapa na cara de quem tolera apenas o 'gay discreto'.
Até a turbulenta madrugada de domingo (7), acreditava-se que havia 'apenas' 5 representantes da comunidade LGBT+ no 'BBB21': os homossexuais Gilberto e João Luiz, e as bissexuais Karol, Lumena e Pocah. Lucas passa a fazer parte desse grupo. Trata-se da edição com mais diversidade sexual da história do 'Big Brother Brasil'.