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Doutor em games analisa influência dos jogos na cultura e TV

Francisco Tupy aprova o ‘Zero1’ da Globo e comenta paixão de Ana Maria Braga pelos jogos

23 ago 2018 - 14h15
(atualizado às 14h27)
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De acordo com a consultoria NewZoo, há no Brasil 66 milhões de jogadores de videogame. Ou seja, mais de 30% da população do País se diverte com os jogos.

Francisco Tupy é doutor e mestre sobre aplicação de videogames na educação e comunicação pela USP (Universidade de São Paulo). Atua ainda como game designer, além de ser um jogador entusiasmado.

Na Casa do Saber, em São Paulo, ele ministra atualmente uma série de encontros a fim de descomplicar o universo dos jogos a quem é leigo ou possui pouco conhecimento na área.

Tiago Leifert no ‘Zero1’: o universo dos games na tela da emissora líder em audiência
Tiago Leifert no ‘Zero1’: o universo dos games na tela da emissora líder em audiência
Foto: Artur Meninea/TV Globo / Divulgação

Em conversa com o blog, o professor revelou a essência de sua paixão pelos games, explicou a atuação dos jogos na cultura pop e o benefício do ato de jogar aos idosos.

Quando surgiu seu interesse por videogame?

Foi ainda na infância. O primeiro videogame com o qual tive contato era de meu pai, um Dactar, clone brasileiro do Atari. Meus jogos preferidos são Street Fighter, Sonic e Yakuza. Atualmente tenho jogado bastante Clash Royale. Gosto de jogos que estão associados à conscientização, com temas ligados ao meio ambiente, aos refugiados e a políticas públicas.

Como aconteceu a dedicação acadêmica ao tema?

Inicialmente, minha formação foi em Geografia, me tornei professor e sempre usei exemplos da cultura popular (games, quadrinhos, brinquedos) nas aulas. Em 2005, após uma temporada na Ásia (Hong Kong e Cingapura) para treinar artes marciais e também competir, me deparei com a tendência emergente dos jogos aplicados na educação. Ao voltar para o Brasil, estava decidido a seguir esse caminho. Na época criei um blog para compartilhar reflexões, o primeiro sobre jogos e educação do Brasil. Para minha surpresa, as visitas foram cada vez mais numerosas e os convites para palestras e projetos de criação de jogos cresceram dia após dia. Senti a necessidade de desenvolver mais o conteúdo na parte acadêmica e por isso fiz o mestrado e o doutorado estudando games. Os jogos como objeto de estudo apresentam um vasto leque de interesse acadêmico-científico.

Como explica o fascínio de crianças, adolescentes e jovens pelos games? 

Jogar é algo que precede a lógica nos seres humanos. Aliás, outros mamíferos também jogam, só que de uma forma menos estruturada. O ato de jogar é identificado em diversas culturas desde os seus primórdios. Jogos são fascinantes por natureza, regidos por regras próprias, oferecem uma condição de diversão em oposição à realidade regida por leis. A tecnologia maximiza o potencial dos jogos. As empresas desenvolvem sistemas que criam compromissos com os usuários. Isso faz com que aqueles que jogam fiquem constantemente focados e que tal prática seja levada a sério, um compromisso com dedicação de tempo e dinheiro.

Professor Francisco Tupy, doutor em games: os jogos podem ampliar o diálogo entre pais e filhos
Professor Francisco Tupy, doutor em games: os jogos podem ampliar o diálogo entre pais e filhos
Foto: ‘Tupy’ / Divulgação

A apresentadora Ana Maria Braga, de 69 anos, é assumidamente ‘viciada’ em games. Há estudos científicos a respeito da melhoria das habilidades mentais dos idosos que jogam. Viu isso na prática?

Ana Maria Braga é uma fã dos jogos. Dizer vício é pesado, inclusive o uso abusivo de jogos eletrônicos é classificado como doença pela Organização Mundial da Saúde. Existem diversos estudos que comprovam os benefícios aos idosos. Pude presenciar pesquisas relacionadas a este tema na área de Terapia Ocupacional. Outro exemplo que destaco foi a matéria realizada pelo canal CNN sobre como os videogames estão sendo incorporados à rotina das casas de longa permanência.

Na Globo há o ‘Zero1’, programa sobre jogos e cultura geek apresentado por Tiago Leifert. Acha que a TV pode interagir com o universo dos games?

Assisto sempre que posso. Leifert está pavimentando esse caminho com bastante profissionalismo. Cada vez mais os jogos estão presentes em grades de programação, principalmente com o avanço das competições digitais, além dos aplicativos jogáveis nas ‘smart TVs’. Outro fato interessante é que a função midiática dos jogos se ampliou. Anteriormente eram apenas jogados, hoje servem também para serem assistidos, inclusive os próprios videogames têm a opção de filmar e compartilhar a tela.

Fã de games, Ana Maria Braga já falou sobre o tema algumas vezes no ‘Mais Você’
Fã de games, Ana Maria Braga já falou sobre o tema algumas vezes no ‘Mais Você’
Foto: TVGlobo / Divulgação

Os pais deveriam ser mais compreensivos com os filhos gamers?

Os pais devem ser pais, estimular o uso consciente, colocar limites e dialogar. Nisso, os games são fundamentais para equalizar o diálogo entre pais e filhos, derrubar barreiras. Quando um pai proíbe e se nega a falar sobre o assunto, seja qual for, está perdendo boa oportunidade para discorrer sobre o tema.

Vê interferência dos games na cultura pop?

Cada vez mais as fronteiras se misturam, todas as linguagens caminham juntas, uma influenciando a outra.

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Curso presencial e online com Francisco Tupy na Casa do Saber.

.28/08: ‘A cultura e os jogos: A sociedade do espetáculo, transmídia, militarização e propaganda ideológica’.

.05/09: ‘Jogar ou ser jogado? O estado da arte dos jogos hoje: gamificação, videogames na Olimpíada e Big Data’.

Informações: (11) 3707-8900.

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