Dura realidade: estrelas de novelas agora são ex-globais
Malu Mader, Maitê Proença e Carolina Ferraz são ‘vítimas’ do corte de supersalários na Globo
Muitos artistas do primeiro time da Globo estão preocupados: a emissora intensificou a nova política de redução de contratos longos com salários altos (muitos acima de 100 mil reais por mês).
Nos últimos dias, a imprensa repercutiu a não renovação do vínculo com Malu Mader. Ela foi contratada por 35 anos ininterruptos.
A saída de Malu suscitou assombro nos corredores dos estúdios. Ninguém cogitava que o canal não quisesse mais tê-la com exclusividade em seu elenco.
A atriz agora faz parte do grupo de recentes ex-globais onde estão outras estrelas da TV, como Maitê Proença, Carolina Ferraz e Giulia Gam.
As quatro citadas tiveram algum momento de auge na emissora. Todas assumiram o papel principal feminino em pelo menos uma novela ou minissérie.
Mader, por exemplo, protagonizou sucessos como ‘Anos Dourados’ (1986), ‘Fera Radical’ (1988), ‘Top Model’ (1989) e ‘Celebridade’ (2003). Nos últimos quinze anos teve atuação espaçada na teledramaturgia.
Maitê liderou dois folhetins importantes na história da Globo: ‘O Salvador da Pátria’ (1989) e ‘Felicidade’ (1991).
Já Carolina esteve à frente do remake de ‘Pecado Capital’ (1998) e foi a inesquecível antagonista de ‘História de Amor’ (1995), aquela do bordão “Eu sou rica!”
Giulia estrelou ‘Que Rei Sou Eu?’ (1989), ‘Fera Ferida’ (1993) e ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’ (1998).
Em comum, esse quarteto tem a idade fora do perfil da heroína clássica de novela: Malu está com 51 anos; Maitê completou 60; Carolina fez 50; e Giulia, 51.
Além disso, elas não foram escaladas para papéis de destaque nos últimos anos. Fizeram personagens secundárias – sempre com competência, aliás.
Curiosamente, Vera Fischer, 66 anos, que também atuou pouco no período, teve o contrato renovado por mais dois anos. O critério de continuidade (ou não) na emissora mostra-se impreciso.
Malu, Maitê, Carolina e Giulia eram ‘a cara’ da teledramaturgia da Globo. Difícil imaginá-las na RecordTV ou no SBT, sem demérito à qualidade de produção destas duas emissoras.
Mas se até Xuxa, que era parte aparentemente indivisível do DNA da Globo, mudou de canal e parece feliz, nada impede que atores se reinventem na concorrência.
A nova postura da Globo resulta de vários fatores. Para a cúpula da empresa não é vantajoso manter muitos atores sob contrato, com alto salário, sem que apresentem produtividade regular.
É mais econômico adotar o vínculo por obra. Ou seja, o artista fica ligado à emissora apenas durante o período de produção e exibição da novela ou minissérie. Na prática, só recebe quando trabalha.
Atualmente, há contratados que ficam anos ganhando salário sem fazer nenhuma aparição na TV.
Alguns deles, ao ser chamados, sentiram-se no direito de recusar a convocação por não se identificar com o personagem. Isso provocou descontentamento entre diretores da Globo.
A falta de concorrência na teledramaturgia também induziu o canal da família Marinho a repensar o conceito de exclusividade.
Antes, havia o temor de que um ‘medalhão’ (ator de prestígio) pudesse se transferir para uma emissora rival a fim de protagonizar uma novela e, com isso, pudesse ameaçar a soberania global no Ibope.
Contudo, a estagnação de RecordTV e SBT na produção de ficção, com resultados de audiência aquém do esperado, fez a Globo não ter mais essa preocupação.
A propósito, vários globais foram para a emissora do bispo Edir Macedo e, depois de algum tempo, tomaram o caminho de volta atrás do status inigualável oferecido por um crachá da Globo.
‘Nova era, nova geração’
Foi-se o tempo em que um ator, por si só, garantia público e repercussão a uma novela. Hoje, o poder de influência dos astros da TV é bem menor.
Os maiores fãs-clubes não são mais de atores de novelas, e sim de youtubers e mobilizadores de redes sociais. As celebridades da teledramaturgia perderam hegemonia.
A Globo passou a escalar artistas jovens para estrelar seus folhetins – e veteranos como Malu Mader, Maitê Proença, Carolina Ferraz e Giulia Gam perderam espaço.
No momento, as três principais novelas do canal carioca têm protagonistas bem mais jovens do que as atrizes dispensadas.
A mais velha entre elas é Nathalia Dill, a Elisabeta de ‘Orgulho e Paixão’, com 32 anos.
Bruna Marquezine (Catarina) e Marina Ruy Barbosa (Amália), estrelas de ‘Deus Salve o Rei’, estão com 22. Bianca Bin, a Clara de ‘O Outro Lado do Paraíso’, 27.
Essa renovação de ídolos também influenciou a decisão da Globo de não oferecer novo contrato a algumas das atrizes mais experientes de seu elenco.