Fábio Assunção é vítima perfeita para o tribunal da internet
Nova prisão faz ator ser esculhambado por ser petista, global e ter problemas com drogas
A história se repete: Fábio Assunção é preso, alega inocência e os comentários nos sites de notícias e redes sociais o julgam e condenam sem dó.
O ator, de 46 anos, no ar como o juiz Ramiro na supersérie ‘Onde Nascem os Fortes’, da Globo, foi detido após seu carro bater em dois veículos nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
De acordo com a PM, ele se recusou a fazer o teste do bafômetro. O delegado que registrou a ocorrência estabeleceu fiança de 30 mil reais para a soltura do artista.
Na velocidade alucinante da internet, a notícia de mais uma confusão protagonizada por Fábio Assunção gerou incontáveis comentários sobre o ator: ironias, críticas e algumas (poucas) mensagens piedosas.
Houve quem o atacasse exclusivamente por ser filiado ao PT e defensor do ex-presidente Lula, preso na PF em Curitiba.
Em tempos de radicalismo extremo, online e na vida real, a ideologia política de uma pessoa passou a definir quem ela é – e a servir de estímulo para seus desafetos anônimos abrirem fogo.
Fábio Assunção também foi criticado por aqueles que o veem como um arruaceiro crônico que se aproveita do status de astro global para tentar se safar das encrencas.
Aí entra o ódio anti-Globo. Afinal, ele é a cara da emissora. Trabalha no canal desde 1990 e sempre recebeu o apoio da empresa quando a dependência química atrapalhou sua carreira e a vida privada.
O simples fato de ser um homem bonito, rico e famoso também incomoda muita gente. Há quem não consiga lidar com o sucesso alheio.
Existe ainda a repulsa por ele ter assumido, tempos atrás, sua fraqueza em relação ao álcool e à cocaína.
Como se fosse um ser humano de segunda categoria, indigno aos olhos de quem se sente superior por não possuir o mesmo vício.
E assim, Fábio Assunção se transforma em vítima perfeita para o tribunal da internet, onde primeiro se condena para depois, talvez, ouvir as testemunhas e tomar conhecimento das provas.
Repete-se agora o linchamento digital ocorrido em junho do ano passado, quando o ator acabou detido por desacato depois de se envolver numa briga no sertão pernambucano.
Não se trata de defendê-lo por suas inconsequências, mas atestar o prazer sádico que a maioria de nós tem em ver – e, muitas vezes, festejar – a desgraça do outro.
Especialmente quando esse outro representa ideias, corporações ou pessoas que desprezamos. Vira um alvo fácil. E dá-lhe pancada.