'Geladeira' e desilusão explicam tanta gente deixando Globo
Estabilidade e um bom salário parecem não ser suficientes a quem se sente desconfortável ou infeliz na emissora
Do início de 2018 para cá, vários apresentadores e jornalistas decidiram romper contrato ou não renovar com a Globo. Saíram espontaneamente pela porta da frente.
Profissionais renomados como Evaristo Costa, Carla Vilhena, Mariana Ferrão, Otaviano Costa, Alexandre Garcia, Mara Luquet, Cristina Serra, Ivan Moré, Monalisa Perrone e Glenda Kozlowiski abriram mão do status de ‘global’.
Alguns foram para outros canais, outros passaram a produzir conteúdo para a internet e teve quem se deu um período sabático para aproveitar melhor a vida.
Todos unidos por um sentimento comum: a insatisfação. Estavam no maior e mais influente canal de TV do Brasil, mas preferiram tomar outro rumo.
Houve quem se sentisse desprestigiado pela falta de um posto de maior destaque na programação. Teve gente que não aguentou a ‘geladeira’, jargão televisivo para designar quem fica muito tempo à espera do retorno ao vídeo. Em outros casos, o desânimo foi consequência da não aprovação de um projeto pessoal.
Afinal, de que adianta ter um bom contrato fixo sem conseguir implementar suas ideias? Às vezes, a sensação incômoda de estagnação ou depreciação pode ser mais forte do que um salário alto e a fama pessoal associada à Globo.
Há outro elemento presente na saída da maioria desses profissionais: a liberdade de expressão. Muitos se cansaram da mordaça imposta a quem trabalha em TV.
No auge da era da comunicação, eles querem dizer o que pensam e não o que a emissora quer que digam (ou omitam).
Dos atuais âncoras da Globo, somente Chico Pinheiro, do 'Bom Dia Brasil', se expõe por meio de opiniões pessoais nas redes sociais – e, dizem internamente, tal autonomia desagrada a cúpula do jornalismo do canal.
Mais um motivo fez várias estrelas do jornalismo e do entretenimento deixarem a emissora: a chance de ganhar mais dinheiro com publicidade e eventos em carreira solo ou atuando para outra empresa.
O código editorial do Grupo Globo proíbe seus jornalistas de promover marcas – inclusive posts pagos – e ganhar por trabalhos extras que possam representar algum conflito ético.
Por essas razões, juntas ou individualizadas, grandes repórteres e apresentadores populares deram ‘tchau’ para o telespectador da maior rede de TV do País.
A mensagem passada por eles é reveladora: há vida fora da Globo. E pode ser uma vida mais interessante.