Globo arrisca ao trocar Sandra por Maju em fase tensa no JH
Ancorar sozinho um telejornal ao vivo com eventuais coberturas dramáticas exige mais do que carisma
Maria Júlia Coutinho é uma unanimidade. Ou quase isso. A jornalista possui magnetismo, se comunica facilmente com diferentes perfis de público e se tornou ícone da ascensão dos negros no telejornalismo e na mídia em geral.
Foi de repórter de rua a apresentadora do boletim meteorológico, depois entrou para o rodízio do Jornal Hoje, em seguida foi escalada para o time de substitutos do Jornal Nacional e, neste momento, cobre férias no Fantástico. Uma ascensão impressionante que ganha novo capítulo: Maju será a única âncora do Jornal Hoje a partir de setembro.
A novidade foi precipitada pela saída inesperada de Dony De Nuccio. O apresentador se demitiu no dia 1º de agosto por ferir o código de ética da Globo ao manter laços comerciais com um banco. Desde então, Sandra Annenberg é vista sozinha na bancada, onde está ininterruptamente desde 2003. A veterana vai dividir a apresentação do Globo Repórter com Gloria Maria — o titular da atração jornalística, Sérgio Chapelin, decidiu se aposentar.
Ancorar um telejornal ao vivo — sem o suporte de um colega na bancada — exige domínio absoluto do improviso. Coberturas de fatos urgentes não são feitas com textos prontos, e sim baseadas nos conhecimentos, na memória, na capacidade de concatenação e no jogo de cintura do apresentador.
Maria Júlia Coutinho, que completará 41 anos neste sábado (10), possui cerca de 15 anos de experiência em telejornalismo. Já provou sua capacidade. Agora vai enfrentar provas de fogo maiores, como a ancoragem da cobertura de tragédias e atos políticos.
A jornalista assume o JH em um momento decisivo do vespertino. Derrotas pontuais de audiência para a RecordTV preocupam a direção da Globo. O telejornal precisa urgentemente se reinventar. A escalação da popular Maju certamente faz parte de uma reação nesse sentido.
Com fã-clube fervoroso, Sandra Annenberg impôs de tal maneira sua personalidade afável que parecia insubstituível. Além do desafio jornalístico, Maria Júlia terá que enfrentar o ‘luto’ que a saída da atual titular do Jornal Hoje vai produzir no público