Globo moderninha: pai gay, trans grávido e marido bissexual
Novelas da emissora subvertem os modelos tradicionais de família e sexualidade
Esqueça a figura do ‘papai e mamãe cisgêneros heterossexuais’. Ou melhor, não precisa esquecê-la, mas abra a mente para novas possibilidades.
Isso é o que pedem alguns dos autores da Globo. Três novelas apresentam personagens que fogem do que a tradicional sociedade brasileira rotula como ‘normal’.
Em ‘Pega Pega’, bem-sucedida trama das 19h, escrita por Claudia Souto, Douglas é gerente de um hotel cinco estrelas durante o dia que se torna drag queen numa boate gay à noite.
Uma novidade vai agitar a vida do homossexual interpretado por Guilherme Weber: descobrirá ter um filho, fruto de um relacionamento passageiro.
Sem paciência com crianças, ele enfrentará o desafio de desenvolver o instinto paternal e se compreender como um ‘pai gay’.
No folhetim das 21h, ‘A Força do Querer’, de Gloria Perez, Ivana (Carol Duarte) estava no meio da transição para homem transexual – inclusive planejando a cirurgia para retirada das mamas – quando descobriu uma gravidez.
A concepção aconteceu na primeira e única vez que ela fez sexo com um homem. No caso, o jovem Claudio (Gabriel Stauffer), por quem é apaixonado – Ivana, agora Ivan, é um trans gay que engravidou.
Na novela ‘O Outro Lado do Paraíso’, que estreia dia 23 na faixa das 9 da noite, o autor Walcyr Carrasco promete provocar o público conservador com um ‘hétero acima de qualquer suspeita’ que, na verdade, tem outra identidade sexual.
Samuel, papel de Eriberto Leão, se mostra machista e até homofóbico. Contudo, longe dos olhares da esposa, Suzana (Ellen Rocche), e dos amigos, ele gosta de transar com rapazes e terá um caso amoroso com Cido (Rafael Zulu).
O personagem certamente vai suscitar polêmica entre os telespectadores menos liberais ao retratar um ‘homem de família’ que tem vida dupla para saciar seus desejos sexuais secretos.
Resta descobrir se o dissimulado Samuel é bissexual ou o chamado ‘gay enrustido’, que opta por um casamento de fachada para se livrar da cobrança social.
Em tempos de repressão à nudez artística e à liberdade de expressão, as novelas da Globo colocam mais lenha na fogueira ao atiçar a fúria de quem refuta a diversidade de gênero e as muitas variações de orientação sexual.