Globo não cessa as ‘pautas-bomba’ contra clã do presidente
Flávio Bolsonaro escolhe outras emissoras para se defender de suspeitas apresentadas no canal da família Marinho
Desde dezembro, Flávio Bolsonaro foi sugado por um caso midiático que aos poucos ganha contorno de escândalo político-financeiro.
O senador eleito e seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, amigo do presidente Jair Bolsonaro, estão na mira do Ministério Público Federal do Rio, por conta de movimentação bancária atípica identificada pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Existe a desconfiança de que alguns funcionários do gabinete do então deputado estadual na Alerj repassavam parte do salário ao jovem político por meio de depósitos regulares na conta de Queiroz.
Os dois não compareceram às audiências para esclarecimentos. Preferiram tentar se explicar em entrevistas na TV.
Flávio Bolsonaro gravou com exclusividade para o SBT, a Record e a RedeTV. Fabrício Queiroz ficou diante das câmeras da emissora de Silvio Santos.
Eles não aceitaram conversar com a Globo, canal que tem exibido em primeira mão novos detalhes da investigação.
Nos últimos dias, o Jornal Nacional lançou várias ‘pautas-bomba’ contra Flávio Bolsonaro.
O telejornal conseguiu acesso privilegiado aos dados levantados pelo Coaf e o Ministério Público fluminense. Surgiu nova suspeita de recebimento de dinheiro fora do comum a partir de uma série de depósitos.
Tais informações são repercutidas pela imprensa em geral – inclusive pelas emissoras concorrentes.
Preterida pelo clã Bolsonaro, em consequência de uma relação sempre conflituosa, a Globo sabe que não pode contar com fontes na cúpula do governo. O clima é de total animosidade.
O canal tomou outro caminho: conseguir notícias quentes a respeito do entorno da Presidência.
Esses dados potencialmente nocivos a respeito de ministros, diretores de estatais e o filho mais velho do presidente podem prejudicar a imagem e o discurso de Jair Bolsonaro.
Todos os membros do alto escalão do Planalto reclamam da marcação cerrada da mídia e, principalmente, das matérias bombásticas do jornalismo da Globo e GloboNews.
Até a primeira-dama Michelle Bolsonaro se queixou das manchetes negativas contra seu marido e o governo ao ser entrevistada pela RecordTV.
Durante a campanha, Jair Bolsonaro disse várias vezes que a vida da Globo não seria fácil caso ele assumisse a Presidência.
O que se vê, agora, é que a emissora dos Marinhos também não vai suavizar para o presidente, sua gestão e sua família.
Há uma guerra de nervos nos bastidores da política e do telejornalismo.
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