Gritos de “Fora Globo” vazam em cobertura da prisão de Lula
Emissora manteve repórteres distantes do Sindicato dos Metalúrgicos por medo de agressão
Eram 14h05 deste sábado (7) quando a âncora Raquel Novaes chamou a repórter Paula Araújo para uma entrada ao vivo na GloboNews.
A imagem não surgiu na tela. Ouviu-se apenas o áudio com gritos repetidos de “Fora Rede Globo!”
Minutos depois, a jornalista fez seu relato de momento – mas apenas por áudio, sem aparecer no vídeo, e longe dos manifestantes que protestavam contra a maior e mais poderosa emissora de TV do País.
A Globo e a GloboNews enfrentaram dificuldades para realizar a cobertura da estadia do ex-presidente Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
A maior parte das imagens foi feita pelo Globocop com repórter a bordo. Por questão de segurança, o canal não posicionou equipes no meio dos ativistas pró-Lula.
A cautela é consequência dos vários episódios de hostilidade e até agressão física a profissionais das duas emissoras em protestos nos últimos anos.
Para ter outras imagens, a GloboNews recorreu em alguns momentos ao material gerado pela TVT, a ‘TV dos Trabalhadores’, sediada em São Bernardo e com acesso livre ao evento no Sindicato dos Metalúrgicos.
Portais como o ‘Diário do Centro do Mundo’ e o ‘Revista Fórum’ postaram textos afirmando que a Globo e a GloboNews se apropriaram indevidamente de imagens.
‘Globo sequestra o sinal da TVT’ manchetou o DCM. ‘Globo rouba o sinal da TVT’, destacou o outro portal.
Na edição de sexta-feira (6), o ‘Jornal Nacional’ exibiu imagens captadas a distância. Algumas pareciam ter sido feitas com celular e reproduzidas de postagens em redes sociais.
Às 14h30 de hoje, o repórter César Menezes, a bordo do Globocop, destacou a expulsão de duas equipes de jornalismo (uma de TV, outra de veículo impresso) que estavam a poucos metros da sede do sindicato.
Houve um princípio de tumulto. O jornalista da Globo disse que impedir o trabalho da imprensa não é “democrático”.