Guerra de egos entre Globo e outras TVs reforça o jornalismo
Cobertura do Caso Coaf envolvendo Flávio Bolsonaro tira as emissoras da zona de conforto na corrida por informações
A imprensa repercutiu as cutucadas da Globo e GloboNews na RecordTV e RedeTV! em razão de perguntas não feitas ao senador eleito Flávio Bolsonaro durante entrevistas nos dois canais.
O âncora do RedeTV News, Boris Casoy, reagiu à insinuação de que teria poupado o senador eleito de um questionamento incisivo.
“Bom jornalismo é o que faz as perguntas isentas e imparciais, e não o jornalismo inquisitivo que almeja obter respostas que gostaria de ouvir do entrevistado”, comentou o veterano em seu telejornal.
Preteridas pelo clã Bolsonaro, as emissoras do Grupo Globo se veem obrigadas a repercutir as declarações exclusivas que membros da família do presidente dão às concorrentes.
Sem acesso à família mais poderosa do País no momento, passaram a sugerir suposto jornalismo chapa-branca em benefício de Flávio Bolsonaro, protagonista de um escândalo político-financeiro que ofusca o início da Presidência de seu pai, Jair Bolsonaro.
O Jornal Nacional tem exibido, noite após noite, novos detalhes potencialmente comprometedores da atuação de Flávio como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
O jornalismo da Globo e GloboNews está debruçado sobre os relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão que levantou suspeitas a respeito de depósitos na conta do senador eleito e de seu ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz.
Essa guerra de vaidade entre as emissoras de TV, suscitada pela cobertura do caso, faz bem ao jornalismo.
A pressão entre os canais pela apuração minuciosa dos fatos leva ao telespectador informações relevantes e uma visão ampla do fato.
A concorrência por dados confiáveis e entrevistas relevantes apura a prática jornalística.
Um canal supervisiona o outro, o que pode gerar mais qualidade daquilo que é exibido ao público.
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