Há 15 anos morria Roberto Marinho, o homem que mudou a TV
Fundador da Globo fez o brasileiro se reconhecer na televisão e enxergar além das fronteiras do País
Naquela quarta-feira, 6 de agosto de 2003, a icônica (e temida) vinheta do Plantão da Globo interrompeu a programação para um anúncio lido pela então âncora do Jornal da Globo Ana Paula Padrão: Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo e fundador da TV Globo, havia morrido poucos minutos antes durante uma cirurgia para dissolver um coágulo no pulmão. Ele tinha 98 anos.
“A televisão brasileira está de luto. A cultura nacional está de luto. A imprensa, o jornalismo e o mundo dos homens de ideias; os empreendedores que, com esforço e talento, constroem este País. Todos, pessoas e instituições, que devem de alguma maneira o seu fortalecimento e a sua consolidação ao trabalho do jornalista Roberto Marinho estão de luto esta noite”, disse a apresentadora do JG na abertura da edição especial exibida naquela noite.
Chegava ao fim uma vida dedicada ao jornalismo e à televisão. Uma trajetória digna de roteiro de Hollywood, com início surpreendente: em 1925, o jovem filho do jornalista Irineu Marinho assumiu o comando de O Globo apenas 23 dias após a inauguração do jornal da família, em razão da morte repentina de seu pai.
Empreendedor nato, Roberto Marinho criou a TV Globo quando já tinha 60 anos. Em pouco tempo, a transformou na principal emissora do Brasil e, em seguida, a colocou entre as maiores do planeta. Mesmo sem ser um especialista em telecomunicação, o empresário soube recrutar os profissionais certos para formar um canal forte em jornalismo, entretenimento e transmissões esportivas.
Mesmo quem o vê com reservas devido às ideologias e equívocos (como o apoio ao regime militar), há de admitir a importância de Roberto Marinho para a comunicação de massa no País. A Globo se tornou um espelho da sociedade – a refletir o seu melhor e também o pior – por meio de novelas, séries, atrações de humor, telejornais e programas de reportagens.
O homem baixo, de voz suave, reservado e observador, deu ao Brasil um canal de TV que virou paixão nacional. Todo mundo sintoniza a Globo, seja por gostar da programação ou para ter como criticá-la com mais argumentos.
Amada por milhões e ‘golpista’ para tantos outros, a emissora fez o País ser conhecido internacionalmente devido ao sucesso de seus folhetins – ao mesmo tempo, abriu as janelas do mundo ao brasileiro. Na tela do ‘plim-plim’ assistimos ao que aconteceu ao longo dos últimos 53 anos.
Apesar da popularização da internet, a TV ainda é a principal fonte de informação e lazer na maioria dos lares brasileiros. Há décadas a Globo lidera essa influência.
Visionário, Roberto Marinho revolucionou a televisão no Brasil, incentivou os concorrentes a segui-lo no caminho da modernização e deu ao povo brasileiro um retrato às vezes belo, às vezes cruel dele próprio.
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