Harry se vinga por Diana ao desprezar e expor a família real
Príncipe quer criar o filho longe do ambiente sufocante onde sua mãe viveu terror psicológico
Em uma cena da quarta temporada de ‘The Crown’ (Netflix), a rainha Elizabeth se preocupa com a capacidade de Diana se adequar às regras rígidas da monarquia. “E se ela não conseguir?”, pergunta. “Ela será destruída”, responde a princesa Margaret.
Dito e feito. A pressão insuportável fez com que a jovem escolhida para ser a esposa perfeita do herdeiro do trono, Charles, desenvolvesse depressão e bulimia. Além da tortura emocional imposta pela realeza, Diana enfrentou a perseguição dos paparazzi, as fofocas inventadas pelos tabloides, a solidão da vida palaciana.
Por trás de muito luxo, glamour e status, infinita infelicidade. Ciente do sofrimento infligido à mãe, Harry decidiu romper com o ciclo vicioso e partir. Deixou o posto herdado na família real. Abriu mão de inúmeros privilégios, inclusive financeiros. Deu de ombros para as tradições e expectativas a seu respeito. Trocou a pomposa terra da rainha pelo paraíso das celebridades.
Em Los Angeles, a quase 9 mil km de Londres, ele vive quase incógnito com a mulher, Meghan, e o filho, Archie. A busca por uma ‘vida normal’ é vista como ofensa pelos parentes nobres. Tem sido chamado de rebelde, ingrato, inconsequente. A relação com o único irmão, William, está cada vez mais distante e tensa. Os laços com a avó-rainha nunca foram tão frágeis. Harry confirma a fama juvenil de ‘enfant terrible’ do clã Windsor.
Sua independência a fórceps e o desdém com os códigos monárquicos ressaltam o quanto sua personalidade se parece com a de Diana. O príncipe tenta proteger sua pequena família daquilo que viu a mãe passar — e ele próprio sentiu na pele. Ter um filho com a mesma audácia que a sua é a melhor vingança que a Princesa do Povo poderia ter armado contra os algozes da monarquia britânica. “Gosto de ser um espírito livre. Alguns não gostam disso, mas esse é o jeito que eu sou”, disse certa vez a inesquecível Diana Spencer.
Por outro lado, o conflito gerado por Harry gera ainda mais curiosidade sobre os nobres ingleses. Por meio da imprensa, chama a atenção dos súditos e pessoas no resto do mundo. Rende audiência na TV, vende jornais e revistas, aumenta o lucro com souvenirs. É assim, entre altos e baixos, períodos de calmaria e outros de guerra, que a monarquia do Reino Unido se mantém de pé há quase 1000 anos. Ao se insurgir, Harry ajuda a alimentar o fascínio em torno de midiática dinastia que mistura conto de fadas com a vida real.