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Imitação de Bolsonaro na TV desafia o politicamente correto

Personagem do Carioca no ‘Pânico na Band’ rompe a autocensura que afeta o País

29 out 2017 - 13h29
(atualizado às 13h37)
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Márvio Lucio como Bolsonabo: fazer rir é uma das maneiras de provocar reflexão
Márvio Lucio como Bolsonabo: fazer rir é uma das maneiras de provocar reflexão
Foto: Reprodução/Facebook @cariocamarviolucio

A censura acabou oficialmente no Brasil em 3 de agosto de 1988, data da votação do texto da Constituição que extinguiu a prática odiosa imposta pelo regime militar durante 21 anos.

Mas, neste momento, o País sofre com uma espécie de censura branca a partir do patrulhamento do politicamente correto nas artes, na publicidade e até no jornalismo.

O temor de ser mal interpretado e receber acusação de machismo, racismo, homofobia e reacionarismo faz muitos autores, atores e humoristas adotarem a autocensura para evitar hostilidade e eventuais processos.

Por isso, quando alguém rompe essa tóxica película de protecionismo, todos saem ganhando. É o caso de Márvio Lucio, o Carioca do ‘Pânico na Band’.

Um dos poucos bons momentos do programa é a imitação que ele faz do deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro.

‘Mitadas do Bolsonabo’ desafia o politicamente correto ao promover pelo humor a imagem de um político acusado de debochar dos direitos humanos e representar um retrocesso ideológico.

Você pode detestar Bolsonaro, mas há de concordar que ele tem direito à mesma liberdade de expressão de qualquer outra pessoa.

Os excessos eventualmente criminosos de sua verborragia poderão ser discutidos, julgados e punidos na esfera jurídica. É assim que funciona a democracia.

A edição desta semana da ‘Veja’ questionou Carioca a respeito de sua imitação de Bolsonaro. Estaria o ‘Pânico na Band’ promovendo o polêmico político?

“Sou humorista e minha preocupação é tratar de personagens que são assunto. Sou atento aos fatos. Se eu disser que ele é um político irrelevante, estarei mentindo”, respondeu Márvio. “O humor é uma crônica, e eu sou um cronista contemporâneo.”

Uma das utilidades do humor é incomodar para fazer pensar. Gênios brasileiros do gênero, como Chico Anysio, Jô Soares e Agildo Ribeiro, sempre recorreram ao deboche para realizar críticas sociais e desconstruir políticos em destaque.

Não importa se o personagem é de direita ou esquerda. A relevância está na liberdade de criticá-lo e contestá-lo e, dessa maneira, despertar o riso – e até uma reflexão.

Pesquisas do Datafolha e do Ibope colocam Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presencial de 2018. Ignorá-lo agora é tão inútil quanto pouco inteligente.

Quanto mais a TV discutir o que ele pensa e diz – usando para isso o humor e o jornalismo –, mais esclarecimento prestará ao telespectador-eleitor.

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Fonte: Terra
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