Isso a Globo não mostra: ignorar pesquisa faz mal ao ‘JN’
Telejornal mais assistido do País vira alvo de críticas por não repercutir intenções de votos favoráveis a Lula em 2022
Nos últimos três dias, o Jornal Nacional não sai da boca do povo. Na terça-feira (11), causou espanto a visibilidade dada à máscara com a inscrição ‘Fora Bolsonaro’, usada pelo humorista Fábio Porchat, em matéria sobre a missa de sétimo dia de Paulo Gustavo.
Já a edição de quarta-feira (12) repercutiu negativamente por uma omissão. O telejornal ignorou a pesquisa Datafolha que colocou Lula com 55% e Bolsonaro com 32% na disputa do segundo turno da eleição presidencial do ano que vem.
A estranheza faz sentido. O JN sempre dá espaço aos levantamentos realizados pelo instituto de pesquisa ligado à Folha de S. Paulo. Por que agora desprezou informação relevante fornecida pela empresa?
Fica a impressão de ter sido uma decisão editorial. Mas é impossível afirmar qual a motivação. Não promover Lula, diriam petistas e esquerdistas em geral. Evitar antecipar a campanha de 2022, argumentariam outros.
A omissão beneficia Jair Bolsonaro. Os dados desfavoráveis ao presidente deixaram de ser vistos por cerca de 50 milhões de telespectadores do Jornal Nacional — ainda que boa parte deles tenha tomado conhecimento da notícia ao navegar por sites e redes sociais ou ao assistir a outros telejornais.
Esse episódio gera uma conclusão: ainda que o jornalismo da Globo queira passar a imagem de ‘isentão’ na cobertura da próxima corrida presidencial, dificilmente conseguirá convencer percentual numeroso de eleitores de sua propagada completa imparcialidade.
Destacar uma notícia ou ignorá-la — seja a favor ou contra esse ou aquele candidato — sempre vai produzir desconfiança e contestação. No caso da recente pesquisa Datafolha, o JN deveria se manifestar para dirimir as teorias conspiratórias que, em menor ou maior grau, afetam sua credibilidade.