'Jornal da Globo' não repete erros do 'JN' com os candidatos
Âncora Renata Lo Prete foca no que interessa ao telespectador: as propostas para tirar o Brasil da crise generalizada
Bastou acompanhar duas entrevistas – com Ciro Gomes (PDT) na segunda-feira (17) e Geraldo Alckmin (PSDB) nesta terça – para concluir que o ‘Jornal da Globo’ presta um bom serviço ao telespectador interessado em se informar a respeito dos presidenciáveis. Nesta quarta, será a vez de Fernando Haddad (PT). Marina Silva (Rede) surgirá no telejornal na sexta-feira.
Renata Lo Prete, uma das jornalistas com maior poder de concatenação do País, acertou em cheio ao questionar os candidatos a respeito das propostas efetivas dos programas de governo.
É isso o que interessa para se definir o voto: entender as soluções possíveis para a crise econômica, o caos na saúde, a deterioração do sistema de educação, a recuperação da segurança pública.
A âncora do ‘JG’, ex-editora de política e ex-ombudsman da ‘Folha de S. Paulo’, esmiuçou as ideias dos presidenciáveis mais bem colocados na pesquisa do Ibope.
Nota-se primoroso trabalho de pesquisa em suas colocações, além de uma memória prodigiosa para relembrar incoerências dos candidatos a respeito dos temas abordados.
Cada entrevista de 30 minutos é mais elucidativa do que todos os programas no horário eleitoral de cada postulante ao Palácio do Planalto.
A série do ‘Jornal da Globo’ é superior em relevância às sabatinas com Ciro, Bolsonaro, Alckmin, Marina e Haddad no ‘Jornal Nacional’.
William Bonner e Renata Vasconcellos gastaram a maior parte do tempo com o passado dos presidenciáveis ao invés de debater a viabilidade das principais promessas eleitorais.
No ‘JN’ houve excesso de polêmica e pobreza de conteúdo. A repercussão na imprensa limitou-se aos embates dos apresentadores com alguns dos candidatos. Pouco acrescentou ao que o público já sabia a respeito dos políticos.
Bonner e Vasconcellos são competentes e carismáticos, mas em alguns momentos exageraram no tom, colocando-se como donos da verdade – erro recorrente de muitos jornalistas.
Renata Lo Prete, ainda que incisiva e contestadora, jamais perde o equilíbrio. Numa eleição tão conturbada, a obrigação dos comunicadores é essa: informar com precisão sem passar a imagem de ideologismo nem roubar a cena dos candidatos.
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