Jovens galãs da TV não têm medo de se assumir gays
Novas gerações se livram da ‘ditadura do armário’ vivida por atores homossexuais de outros tempos
Dezenas de atores da televisão brasileira são gays. Mas poucos assumem tal condição sexual. Preferem fingir uma heterossexualidade nada convincente. Parte do público faz de conta que acredita. E aí se estabelece um jogo de hipocrisia.
Nos últimos anos, alguns veteranos tiveram a coragem de romper com essa falsidade. Marco Nanini, hoje com 71 anos, e Luiz Fernando Guimarães, de 70, declararam abertamente a preferência por homens.
Certos atores de gerações seguintes também se libertaram, a exemplo de Leonardo Vieira, 50 anos, e Paulo Gustavo, 41. Mais prestigiado galã de novelas, Reynaldo Gianecchini só confirmou se relacionar com pessoas do mesmo sexo recentemente, aos 47 anos.
Vale observar que esses artistas cresceram em um Brasil diferente do atual. Ainda que a homofobia e a intolerância generalizada tenham recrudescido nos últimos tempos, há agora mais liberdade de viver plenamente a sexualidade não heteronormativa do que décadas atrás.
Em 2019, jovens artistas fizeram o chamado ‘outing’, a saída do armário. Alguns deles usaram a rede social para isso. Postaram fotos reveladoras de sua condição sexual. Foi o caso de Igor Fernandez, o Luan da novela 'Bom Sucesso'. Não apenas declarou ser gay como comemorou com seus seguidores virtuais os cinco anos ao lado do namorado Gabriel Soares.
Outro ator, Pedro Henrique Müller, também recorreu ao ambiente digital para se declarar ao companheiro. Ele, que interpretou um soldado gay em 'Orgulho e Paixão', agradeceu ao marido, Marcello Talone, pelos quatro anos juntos.
O modelo Rodrigo Westermann foi outro galã que decidiu abrir o jogo e enfrentar a homofobia. Passou a fazer campanha contra a intolerância apoiado pelo namorado, o cantor e ex-'The Voice Brasil' Leandro Bueno. Rodrigo ganhou destaque na mídia por ser sobrinho-neto do pastor Silas Malafaia, um dos mais fervorosos críticos da diversidade sexual.
Símbolo sexual lançado pela série pró-LGBT+ 'Sense8', da Netflix, o americano Brian J. Smith contou ser gay em entrevista a uma revista. Disse ter sofrido bullying durante a adolescência no estado conservador do Texas. Hoje, ele quer servir de exemplo a jovens em conflito com a própria sexualidade e sequelados pelo preconceito.
Se antes os artistas gays incensados por sua beleza e sensualidade seguiam a tradição de se fingir héteros a fim de evitar prejuízos à carreira e hostilidade no dia a dia, hoje eles dão a cara a tapa ao fazer questão de viver plenamente seu desejo e sua verdade.
Assim, influenciam milhões de jovens a evitar o autoengano e recusar uma vida de mentiras. Anônimo ou famoso, é necessário ser muito macho para se assumir gay e encarar a família, a sociedade e os homofóbicos.