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Martini festeja 40 anos de carreira na peça Papo com o Diabo

Ator comenta as dificuldades de produzir teatro no Brasil e a emoção de fazer TV

1 nov 2017 - 10h28
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O ator na pele do Diabo: “a parte feia que existe dentro de nós”
O ator na pele do Diabo: “a parte feia que existe dentro de nós”
Foto: Erik Almeida/Divulgação

“Para arrebatar uma plateia é preciso que ela veja vida no palco, e não algo morno.”

A frase foi dita por sir Laurence Olivier, britânico considerado por muitos críticos o melhor ator de todos os tempos.

No Brasil, o ator Eduardo Martini segue essa regra à risca: apresenta vivacidade máxima quando surge num palco.

Possui a capacidade de envolver o espectador, tirá-lo de sua realidade para que faça parte do contexto da peça e, assim, ria e se emocione com os personagens e as tramas.

O artista comemora quatro décadas de carreira com o monólogo ‘Papo com o Diabo’, da autoria de Bruno Cavalcanti e sob a direção de Elias Andreato.

No espetáculo, o Diabo se defende de acusações milenares e apresenta questionamentos em relação à essência do ser humano. Será que cada um de nós é um pouco diabólico?

Martini tem no currículo sucessos teatrais como ‘Splish Splash’, ‘Quem Tem Medo de Itália Fausta?’ e ‘I Love Neide’.

Na TV, atuou ao lado de Chico Anysio e Dercy Gonçalves. Participou de novelas como ‘Deus nos Acuda’, ‘O Clone’ e ‘Cristal’.

O artista conversou com o blog sobre sua trajetória profissional.

Como resume as conquistas e os obstáculos de quatro décadas de carreira? 

Resumo numa palavra, realização! Não foi fácil, não é fácil, mas é o que eu amo fazer, então a ordem é fazer, não espero nada que caia do céu porque o que vem é chuva, então vamos trabalhar.

Você atua, produz e dirige, às vezes tudo isso no mesmo espetáculo. Como desenvolveu tamanha versatilidade?

Seria egocêntrico da minha parte responder essa gentil pergunta, mas acho que é dom. ‘Ele’ me deu e eu vou aproveitar ao máximo aquilo que sinto, que eu intuo, que eu percebo que é a hora de fazer. Sou atendo aos sinais da vida sempre. O sino tocou, eu faço!

Interpretar o diabo é uma oportunidade de exorcizar os próprios demônios?

Não. É a oportunidade de olhar pra dentro de mim e ver que o tal ‘sujeito’ é a parte feia que existe dentro de mim, de todos nós. 

Em um momento tão crítico para a cultura, como analisa a produção teatral e o ofício do ator? 

Nunca esperei convites ou contratos. Jamais fiquei à espera de um patrocinador para montar uma peça. Eu começo a montagem, depois vou atrás e neste quesito eu tive sempre a Porto Seguro e a Oribá que me deram sustentação com apoios nos meus espetáculos. Usei a lei Rouanet duas vezes na vida e fui bem-sucedido. Gosto de tudo certo, na ponta do lápis. A cultura anda conforme o povo pensa, age e faz. Minha maior preocupação hoje em dia é com a formação de plateia, com a qualidade de espetáculos e como levar essa galera jovem para o teatro e mostrar um espetáculo sem apelação.

Alguns dizem que a profissão de ator está banalizada, pois hoje todos se dizem atores, e há quem veja um excesso de glamourização no ofício. Qual sua opinião? 

Ah! Tenho tanta coisa pra fazer que não fico olhando, observado ou julgando o que os outros dizem. Faço a minha parte. Procuro me cercar de pessoas talentosas e que estejam muito a fim de trabalhar, de fazer teatro. Na peça ‘Angel’, que eu só dirijo, consegui montar um espetáculo com dez atores que chegam no teatro cedo e, na maior energia, montam o cenário e estão de corpo e alma dentro do projeto. Isso pra mim é sorte! Trabalhar com um gênio da cultura como o (diretor e ator) Elias Andreato também eu sei que é sorte. Sou um cara sortudo, sim. Tenho saúde, que é meu maior bem, e sigo tentando fazer o meu melhor e, acima de tudo, atingir as pessoas que vão me assistir. Seja uma ou mil.

Está há um tempo sem fazer nada fixo em TV. O veículo não o fascina mais?

Amo fazer TV. Fiz muita coisa desde que comecei. Chico Anysio foi um pai, Adriane Galisteu, uma irmã, e Hebe Camargo, uma mãe pra mim. Volto assim que for chamado, assim que ‘Ele’ achar que eu posso atingir quem estiver com a TV ligada. Adoro a urgência da TV, me deixa ligado e com a emoção à flor da pele. Na TV, você não tem muito tempo de elaboração, mas é fascinante essa urgência. Estou esperando chegar o momento certo, com certeza está chegando!

‘Papo com o Diabo’ – Teatro Itália (Av. Ipiranga, 344, República, São Paulo/SP) – Toda quarta às 21h, até 29/11. Informações: (11) 3255-1979.

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Fonte: Especial para Terra
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