Montagem debochada mostra Bolsonaro e Lula em 'A Usurpadora'
Efeito ‘deepfake’ foi usado de maneira criativa (e polêmica) para brincar com a rivalidade entre o atual e o ex presidentes
Em tempos de polarização política e guerra ideológica, o melhor a fazer é rir. As criações do jornalista e editor Bruno Sartori (@brunnosarttori) ajudam a desanuviar o clima bélico nas redes sociais.
Ele se autodeclara “bruxo dos vídeos”. Sua especialidade é a deepfake, técnica que troca os rostos e as vozes de imagens originais, usada geralmente para ironizar políticos e celebridades.
As montagens fazem sucesso na web. A mais recente recebeu o título ‘O Fantasma do Ex’ e mostra o ex-presidente Lula em ligação para o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro.
Os rostos deles foram inseridos nas personagens Paola e Paulina, as gêmeas rivais da novela mexicana 'A Usurpadora', exibida e reprisada várias vezes com sucesso de audiência no SBT.
"Oi, usurpadora, sabe quem sou eu? O verdadeiro presidente do Brasil”, diz a caricatura de Lula.
“Então você está solto?”, questiona Bolsonaro, ou melhor, a versão farsesca dele.
Segue-se diálogo tão inacreditável quanto divertido. Em outro vídeo recente, Bruno Sartori transformou o capitão em Dona Clotilde, a bruxa do 71 do seriado 'Chaves'.
Lula já ‘ocupou’ o corpo de Clara (Bianca Bin), a mocinha injustiçada que ressurgiu para se vingar dos inimigos na novela 'O Outro Lado do Paraíso'.
Para o jornalismo e o entretenimento, o atual momento da política é um prato cheio. Lamentavelmente, programas de TV que poderiam explorar esse rico material – assim como o fazem tão bem as páginas de humor na internet – não existem mais.
O 'Casseta & Planeta', da Globo, e o 'CQC', da Band, produziriam bom conteúdo com as tramas novelescas protagonizadas pelos líderes políticos.
Falta na televisão atual o jornalismo crítico com alta dose de sarcasmo que aquelas atrações ofereciam ao público.
O 'Zorra', em algumas esquetes, e o quadro 'Isso a Globo Não Mostra', do 'Fantástico', fazem algo semelhante, mas com duração menor do que o desejável.
O brasileiro que consome TV merece ver mais a respeito a fim de gargalhar com a burlesca política nacional.