Mulher de primo encrencado da rainha lançou livro na Globo
Princesa fez o marido lobista Michael de Kent perder lugar na sucessão ao trono e magoou Meghan Markle em polêmica racial
Pobre rainha Elizabeth, não tem uma semana inteira de paz. Após escândalos variados com filhos e netos e a morte do marido, agora a soberana do Reino Unido enfrenta outra polêmica na família: seu primo-irmão, Michael de Kent, caiu numa armadilha montada por repórteres disfarçados de investidores.
Por meio de um representante, ele prometeu usar seu status como membro da família real e patrono da Câmara de Comércio Russo-Britânica para atender a interesses de empresas asiáticas junto ao presidente Vladimir Putin, um dos homens mais poderosos e inacessíveis do planeta.
Pelo ‘serviço’, configurado como tráfico de influência e lobby antiético, ele cobraria 50 mil libras, o equivalente a R$ 366 mil. Nada mais escandaloso a um nobre do clã de Elizabeth do que explorar comercialmente sua condição na realeza. O tipo de ‘crime’ — cometido por outros parentes caídos em desgraça — que a rainha não perdoa.
Aos 78 anos, Michael de Kent é um primo muito próximo da monarca, mas pouco conhecido fora da Inglaterra. Filho do príncipe George, o duque de Kent (irmão mais novo de Albert, pai de Elizabeth, que se nomeou George VI ao assumir o trono) e da Princesa Marina da Grécia e Dinamarca.
Por parte de mãe, tem ancestrais russos, daí sua ligação com o País de Putin e o fato de falar fluentemente o idioma eslavo. Sem direito a ‘mesada’ do Estado, Michael de Kent ganha a vida prestando consultoria. Em outras palavras, empresta seu prestígio para a publicidade de empreendimentos.
Em 1978, o príncipe desafiou a monarquia ao se casar com a baronesa austro-húngara Maria Cristina von Reibnitz. Por ela ser católica (a família real britânica é anglicana) e divorciada, Michael foi punido com sua exclusão da linha sucessória.
Em contrapartida, sua esposa recebeu o título de princesa, mas não pode usar o próprio nome. Ela é chamada de Princesa Michael de Kent — o machismo ainda impera em certos aspectos da dinastia Windsor.
O casal mora em um apartamento no Palácio de Kensington, o mesmo onde vivem William e Kate, e onde moraram Harry e Meghan Markle antes de se rebelar. A majestosa residência, em Londres, abriga vários parentes da rainha.
Há 10 anos, em maio de 2011, a princesa com nome do marido esteve em São Paulo. Em uma terça-feira, reuniu centenas de VIPs da alta sociedade e entusiastas da monarquia no lançamento de seu livro ‘Coroadas em Terras Distantes’ (Ambientes e Costumes Editora), no Museu da Casa Brasileira.
Detalhe: todos na fila para o autógrafo faziam reverência — homens curvam o pescoço, mulheres dobram os joelhos — ao ficar diante de Sua Alteza Real Princesa Michael de Kent. Para divulgar sua obra a respeito de oito princesas europeias, ela esteve no programa de Jô Soares, na Globo.
Disse ter visitado o Brasil pela primeira vez em 1981, para pesquisar sobre a vida da imperatriz Leopoldina, que veio de Viena em 1817 para se casar com dom Pedro I, e teve sua história contada no livro. “Adoro esse País”, afirmou. “Quando eu e meu marido estivemos no Pantanal, logo no primeiro dia vimos onças e capivaras. E já naveguei por rios do Amazonas.”
Em 2017, no banquete de Natal no Palácio de Buckingham, a Princesa Michael de Kent protagonizou uma polêmica com Meghan Markle, então namorada do príncipe Harry. Ela usou um vistoso broche estilo Blackamoor (decoração exótica com a figura de escravos), com a imagem estilizada de um serviçal africano.
De origem negra, Meghan se sentiu ofendida. Os tabloides estamparam a controvérsia na primeira página, com a foto da alteza ostentando o acessório politicamente incorreto. Por meio de seu porta-voz, a princesa pediu desculpas e disse que a joia jamais seria usada novamente.
A esposa do primo da rainha sempre foi vista com desconfiança pelo círculo íntimo de Elizabeth pelo fato de seu pai, barão Günther von Reibnitz, ter sido um oficial da SS, a tropa de choque de Hitler na Segunda Guerra. O Reino Unido fez parte dos ‘Aliados’, grupo de nações que derrotaram o nazismo.
Em uma entrevista pela qual foi duramente criticada, a Princesa Michael de Kent insinuou que tinha “mais sangue nobre” do que a maioria dos membros da família real britânica. Ao saber da declaração, Elizabeth reagiu com típico humor inglês: “Não somos tão grandes quanto ela”.
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