Nazaré, é você? Thelma ‘imita’ vilã de ‘Senhora do Destino’
Personagem de Adriana Esteves tem atitudes previsíveis na reta final de ‘Amor de Mãe’
Há semelhanças curiosas entre Thelma, a maléfica de ‘Amor de Mãe’, e Nazaré, a peçonhenta de ‘Senhora do Destino’. Ambas criaram filhos roubados de mulheres nordestinas sofredoras.
A comerciante comprou o menino tirado de Lurdes (Regina Casé) enquanto a prostituta fugiu levando a bebê de Maria do Carmo (Susana Vieira).
Domênico/Danilo (Chay Suede) e Lindalva/Isabel (Carolina Dieckmann) se tornaram filhos amorosos, sem perceber a psicopatia da mãe-monstro que os criou.
Os dois não se revoltam quando descobrem não ter ligação biológica com a mulher a quem sempre chamaram de mãe. Demoram a descobrir o verdadeiro caráter e o histórico de crimes das maquiavélicas.
Thelma e Nazaré viram assassinas frias. Eliminam pessoas da convivência sem pensar duas vezes. Fazem de tudo para manter a farsa construída, a fim de garantir o amor do filho e se livrar da cadeia.
Na reta final, outra coincidência. Desmascaradas, têm atitude tresloucada. Nazaré sequestra a neta Linda, filha de Isabel/Lindalva. Thelma leva Caio, filho de Danilo/Domênico.
No desfecho dramático, a ‘raposa felpuda’ se redime: devolve a criança e se atira de uma ponte. Tudo indica que Thelma, que gestou o neto no próprio útero, vá entregar Caio a Danilo/Domênico antes de morrer do aneurisma diagnosticado no início da trama.
Outra curiosidade: na primeira fase de ‘Senhora do Destino’, Nazaré se fez passar por enfermeira para roubar Lindalva. Ela se dizia chamar Lourdes, mesmo nome da rival de Thelma em ‘Amor de Mãe’.
O folhetim de agora, escrito por Manuela Dias, é bem diferente do drama criado por Aguinaldo Silva em 2004. Essas coincidências fazem parte da teledramaturgia: muitas histórias parecidas já foram contadas de maneira diferente.
Ainda que unidas pela loucura sob o instinto maternal, Nazaré e Thelma se distinguem pela personalidade. A malvada do passado, que se tornou uma das melhores vilãs de todos os tempos, tinha humor impagável.
Ela debochava de todos sem medo de ser politicamente incorreta. Fazia piada com nordestino, negro, gay, gordo, velho. Ria de si mesma o tempo todo e, às vezes, caia nas próprias armadilhas.
Thelma foi introspectiva, sisuda e pessimista do começo ao fim, sem espaço para alívio cômico. Talvez por isso não tenha cativado o telespectador como fizeram outras antagonistas. Adriana Esteves atingiu atuação correta, verossímil, mas sua Thelma não deixará saudade nos noveleiros.
Enquanto isso, a Naza continua por aí, fresca na memória dos saudosistas e em memes engraçadíssimos. Como a loira má disse certa vez ao se admirar no espelho: “Impressionante como o tempo só te favorece”.