Nenhuma outra novela superou Avenida Brasil desde 2012
Febre do ‘oi, oi, oi’ gerou audiência e mobilização nas redes sociais não igualadas por folhetins seguintes
“Me serve, vadia” é um dos bordões de Avenida Brasil a resistir ao tempo. A frase vingativa de Rita/Nina (Debora Falabella) marcou um dos melhores embates contra a vilã Carminha (Adriana Esteves).
A guerra entre a dissimulada guardiã da tradicional família brasileira e a jovem cozinheira em busca de justiça (leia-se vingança) foi o maior sucesso de teledramaturgia da Globo nesta década.
Criado por João Emanuel Carneiro, o folhetim conseguiu números não alcançados por nenhuma outra novela brasileira desde então.
A média geral de audiência dos 179 capítulos de Avenida Brasil foi de 39 pontos, com pico de 52 no desfecho, exibido em 19 de outubro de 2012.
A maior aproximação aconteceu com O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, no ar entre outubro de 2017 e maio de 2018: 38 de média, recorde de 48 pontos.
A novela atual, A Dona do Pedaço, também da autoria de Carrasco, está com 35 de média. Sua melhor marca até agora foi 44 pontos. Com final previsto para novembro, a chance de superar os índices de Avenida Brasil é baixa.
Outro fator continua insuperável: a participação de telespectadores nas redes sociais.
Nos últimos sete anos, nenhum outro folhetim estimulou tanto a segunda tela – hábito de assistir a um programa de TV com o celular em mãos a fim de interagir simultaneamente com outras pessoas.
Quando Avenida Brasil entrava no ar, as timelines eram tomadas pelo refrão ‘Oi, oi, oi’ da música de abertura. Os noveleiros comentavam cada cena, as reviravoltas, as falhas de roteiro. O País não tinha outro assunto.
As trezes novelas das 9 que vieram depois não geraram a mesma empolgação. Mas os saudosistas ganharam um presente: a Globo reprisa a trama do ingênuo ex-jogador Tufão (Murilo Benício) e de sua família disfuncional a partir do dia 7, no Vale a Pena Ver de Novo.
A emissora aguardava o momento certo para tirar Avenida Brasil do arquivo. O excelente desempenho de Por Amor (1997-1998), de Manoel Carlos, na sessão vespertina – está com 17,5 pontos de audiência, o equivalente a 3,5 milhões de telespectadores na Grande São Paulo – fez o canal tomar a decisão.
O Vale a Pena Ver de Novo deixou de ser um mero tapa-buraco na programação para se tornar um importante empuxo do horário nobre, que começa às 18h. O público atraído pela reprise contribui com o resultado das novelas inéditas exibidas na sequência.
A RecordTV não perdeu tempo: anunciou a volta de A Escrava Isaura (2004-2005) também a partir do dia 7, às 15h, na tentativa de amenizar a provável perda de público à tarde. Será a quarta vez que o canal reapresenta a trama abolicionista. A exibição original teve média de 12 pontos no Ibope.
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