O desprezo ao BBB ajuda a dar sobrevida ao reality show
Mobilização nas redes sociais de quem abomina o programa impulsiona a audiência real
“Só há uma coisa pior do que se tornar alvo de rumores. É não despertar rumor algum”, escreveu o britânico Oscar Wilde.
Presume-se que este seja o pensamento de quem entra no reality show mais bem-sucedido e detestado da televisão brasileira.
A vitória é incerta, mas o rótulo ‘ex-BBB’ e seu estereótipo intrínseco estão garantidos. A (má) fama instantânea pode resultar na grande chance da vida ou no maior arrependimento possível.
Da parte do público, também há previsibilidade. Às vésperas da estreia da décima sétima edição ressurgem os mesmos tipos: os que adoram e aqueles que detestam o programa.
Em comum, o hábito de comentar a atração nas redes sociais. Esse confronto de opiniões já faz parte da tradição – e ajuda a manter a popularidade do Big Brother Brasil.
As manifestações raivosas contra o reality show e os ‘BBB maníacos’ promovem a imprescindível mobilização virtual e, assim, impulsionam a audiência real, aquela aferida pelo Ibope e a GfK.
Com seus posts – e haja textão! – os haters contribuem para a onipresença da atração na timeline de quase todo mundo. Escrever mal sobre o BBB faz um bem danado ao próprio BBB.
Edições recentes ficaram longe do recorde de 47 pontos de média geral da quinta temporada, em 2005, a de melhor desempenho. Mas ainda representam audiência relevante.
Em 2016, o reality atraiu todas as noites cerca de 4,5 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo, principal mercado monitorado pelos institutos de pesquisa.
São números interessantes aos grandes patrocinadores e fazem a Globo ter interesse na exibição do formato por mais alguns anos.
Para aversão dos que abominam o Big Brother, o clube de ex-BBBs – hoje com cerca de 250 participantes – ainda ganhará muitos membros dispostos a pagarem o ônus cobrado pela superexposição diante das câmeras.
Oscar Wilde é sempre lembrado pelo livro O Retrato de Dorian Gray, no qual discorre a respeito de vaidade excessiva, obsessão por status e superficialidade. O personagem principal do romance, um jovem apaixonado por si mesmo, viveria feliz na casa mais vigiada do Brasil.