Personagens sem carisma afetam estreia de galãs portugueses
Pedro Carvalho e José Fidalgo ainda não experimentaram a popularidade entre os noveleiros daqui.
Diante da expectativa que se criou, revela-se decepcionante a participação de dois astros da TV de Portugal em novelas da Globo.
Em ‘O Outro Lado do Paraíso’, Pedro Carvalho interpreta o negociador de pedras preciosas Amaro.
Um tipo insosso que formou um igualmente aguado triângulo amoroso com a professora Estela (Juliana Caldas) e o lapidador Juvenal (Anderson Di Rizzi).
O personagem viveu uma crise existencial: oscilou entre a vilania e o bom-mocismo. Não convenceu com nenhuma das personalidades.
Nem o jeito cativante do ator, visto antes na pele de Miguel em ‘Escrava Mãe’ (RecordTV), salva Amaro da indiferença dos noveleiros.
Ninguém parece acreditar na regeneração e no amor do ‘portuga’ pela problemática e também pouco magnética anã.
O outro pop star luso contratado pela Globo, José Fidalgo, vive o Constantino de ‘Deus Salve o Rei’.
O personagem saiu de cena há algumas semanas, mas deve retornar em breve à trama medieval.
Trata-se de um vilão 100% maquiavélico, sem nenhum recurso dramatúrgico capaz de despertar a simpatia do telespectador.
Tal maniqueísmo foi testado pelo galã nas ruas: em entrevistas, ele ironizou o fato de não ser reconhecido nem receber pedidos de selfies.
Frustrante a uma celebridade europeia que pretendia ser popular no Brasil, País que inspirou a renovação de estilo da teledramaturgia portuguesa – e onde artistas brasileiros são tratados como celebridades.
Na mesma produção de época das 19h30 está o ator português mais bem-sucedido por aqui nos últimos tempos, Ricardo Pereira.
Em quase quinze anos de atuação no Rio, o lisboeta já fez mais de dez trabalhos relevantes. Entre eles, ‘Insensato Coração’, ‘Joia Rara’ e ‘Liberdade, Liberdade’.
Dedicado às aulas de prosódia, Pereira conseguiu eliminar o sotaque nativo. A pronúncia brasileira aumenta a oferta de trabalho. No momento, interpreta Virgílio, outro dos vários vilões de ‘Deus Salve o Rei’.
Seu conterrâneo, Paulo Rocha, também emplacou alguns personagens de destaque na Globo. O público gostou especialmente do Guaracy de ‘Fina Estampa’.
O artista de Setúbal fez ainda ‘Guerra dos Sexos’, ‘Império’, ‘Totalmente Demais’ e ‘Novo Mundo’. Assim como Ricardo Pereira, tornou-se um rosto familiar ao telespectador brasileiro.