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'Por Amor' faz sucesso porque acreditamos nos personagens

Poucas novelas recentes conseguiram estabelecer tal ligação emocional do público com as tramas

24 mai 2019 - 12h50
(atualizado às 12h58)
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Novela é tudo mentira, mas a gente prefere acreditar para sofrer junto, se emocionar, ser surpreendido, rir.

Helena (Regina Duarte) e Maria Eduarda (Gabriela Duarte): laços familiares a serviço de uma trama irresistível
Helena (Regina Duarte) e Maria Eduarda (Gabriela Duarte): laços familiares a serviço de uma trama irresistível
Foto: TV Globo / Divulgação

Gostamos de nos identificar com personagens, sentimentos e situações. A gente se vê nas cenas folhetinescas.

Quando bem-feita, a teledramaturgia reflete a vida real e, ao mesmo tempo, oferece a fuga dessa realidade sufocante.

Fisgado, o telespectador embarca conscientemente numa fantasia a fim de amenizar as dores emocionais produzidas pela infelicidade rotineira.

Como é agradável passar uma hora vivendo a vida de outras pessoas... A ficção se revela terapêutica.

No ar há menos de um mês, a reprise de Por Amor chancela essa teoria: a novela de 1997-1998 é um sucesso surpreendente.

Já está com média de audiência maior do que a das últimas três antecessoras no Vale a Pena Ver de Novo.

Mestre em retratar a banalidade do cotidiano, o autor Manoel Carlos criou um enredo crível e envolvente.

Quando Helena (Regina Duarte) sofre, o público sofre junto. Assim como exprime reações variadas com outros personagens.

Mais uma vez, Por Amor tira o noveleiro da letargia, mesmo todo mundo sabendo o que vai acontecer até o desfecho. 

A previsibilidade não diminui a empatia de quem assiste. Acreditamos na mentira bem contada porque ela, de alguma maneira, nos faz bem.

Por Amor representa o tipo de novela que o brasileiro gosta – e do qual sente falta.

Na última década, poucas produções do gênero conseguiram tal façanha.

Faltou densidade e as necessárias camadas dramatúrgicas. Faltou a magia do faz-de-conta.

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