Preferido de Bonner para sucedê-lo no JN ganha força
Intensa pressão sobre o mais poderoso âncora da TV reabre apostas sobre possível substituto
Quem será o próximo Bonner? Essa pergunta ecoa pelos corredores da Globo. Hoje, nenhum outro jornalista possui tanta autonomia e influência na televisão como o apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional. Ele é a cara e a voz do jornalismo da emissora. Mais do que isso: virou símbolo de resistência aos ataques à imprensa livre. Quem eleger como sucessor de figura tão relevante?
O próprio William Bonner tem um favorito: Heraldo Pereira, atual âncora do Jornal das 10, da GloboNews. Em 2002, ele o colocou na equipe de apresentadores eventuais do JN. Pereira se tornou o primeiro negro a ocupar a bancada do mais importante telejornal do País. Com quase a mesma idade e similar tempo de carreira na Globo, os dois têm admiração mútua e são prezados pelos colegas.
Morador de Brasília, Heraldo voltará ao Jornal Nacional assim que a Globo liberar as viagens de seus apresentadores. Os deslocamentos foram suspensos por conta da pandemia de covid-19. No momento, somente jornalistas do Rio cobrem folgas e férias de Bonner e da apresentadora e editora-executiva Renata Vasconcellos.
Após as tentativas de intimidação a Bonner, com fraudes usando o nome de seu filho e vazamento de dados sigilosos de parentes, o todo-poderoso do jornalismo global demonstrou indignação e angústia. A entrevista dele a Pedro Bial revelou um homem decepcionado com as manifestações hostis que o atingem por conta da polarização político-ideológica.
Pelo que representa, Bonner virou uma das pessoas mais odiadas do Brasil. É tratado como inimigo por quem não acredita em sua isenção e imparcialidade. Já não pode circular livremente. Sua vida está hackeada. Miram pessoas queridas a ele para desestabilizá-lo. Tudo o que diz e faz (até as expressões faciais) geram manchetes interpretativas. Até quando resistirá a tamanha pressão psicológica?
Heraldo Pereira tem se destacado no comando da cobertura da crise global provocada pelo novo coronavírus e também nas transmissões dos protestos antirracistas suscitados pela morte do segurança negro George Floyd. Competente e carismático, respeitado e bem relacionado, ele talvez seja, realmente, o melhor nome para um dia suceder a Bonner sem ficar à sombra do antecessor.