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Protestos antirracistas pressionam TVs: mais negros urgente

Cobertura com maioria de jornalistas brancos ressalta o problema da tímida diversidade nas grandes emissoras

5 jun 2020 - 10h19
(atualizado às 10h21)
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Os negros e pardos representam 56% da população do Brasil, ou seja, quase 120 milhões de pessoas. Esse perfil de cidadão tão comum nas ruas não está proporcionalmente representado no veículo de comunicação mais popular do País, a televisão. O jornalismo na TV não tem sequer 10% de homens e mulheres afrodescendentes.

Os protestos decorrentes do assassinato por asfixia do segurança negro George Floyd pelo policial branco Derek Chauvin deixaram essa disparidade ainda mais evidente. Na nação mais miscigenada do planeta, a cobertura das passeatas do #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam) é realizada predominantemente por âncoras, repórteres e comentaristas brancos.

Acima, Luiz Fara Monteiro, Diego Sarza, Zileide Silva, Heraldo Pereira, Cynthia Martins e Manoel Soares; abaixo, Dulcinéia Novais, Joyce Ribeiro, Gloria Maria, Maju Coutinho, Aline Midlej e Luciana Barreto: exceções em uma TV com poucos negros
Acima, Luiz Fara Monteiro, Diego Sarza, Zileide Silva, Heraldo Pereira, Cynthia Martins e Manoel Soares; abaixo, Dulcinéia Novais, Joyce Ribeiro, Gloria Maria, Maju Coutinho, Aline Midlej e Luciana Barreto: exceções em uma TV com poucos negros
Foto: Sala de TV

Um exemplo dessa anomalia foi visto no programa Em Pauta, da GloboNews. Na terça-feira (2), a discussão sobre o racismo e as manifestações antirracistas reuniu sete jornalistas brancos. Nenhum negro. A bizarrice viralizou nas redes sociais.

No dia seguinte, o canal fez mea-culpa ao escalar um âncora negro (Heraldo Pereira) e cinco comunicadoras negras (Zileide Silva, Flávia Oliveira, Maju Coutinho, Aline Midlej e Lilian Ribeiro) para uma edição especial, chamada de "histórica" por alguns profissionais da casa. Histórico será, apenas, quando a diversidade racial na TV não for pontual nem baseada em oportunismo.

A primeira repórter negra da televisão brasileira foi Gloria Maria. Ela surgiu no vídeo ao vivo — com seu cabelo black power — em novembro de 1971. De lá para cá houve avanço na reivindicação de mais negros no noticiário televisivo. Os telejornais das maiores emissoras já tiveram algum negro na bancada, seja como titular ou apresentador eventual. Contudo, a maioria dos principais postos diante das câmeras e no comando das atrações permanece ocupada por brancos.

A visibilidade negra na televisão é valiosa para a autoestima da população preta e no combate ao racismo estrutural que sempre exclui o negro de posições importantes na sociedade. Além disso, serve de incentivo a milhões de jovens de pele escura a seguir o exemplo daqueles quem chegaram à TV: ascender por meio da educação, do talento e do enfrentamento firme do preconceito.

Após esse choque de realidade, cabe aos canais implementar uma política de representatividade em seus jornalísticos. Assim como também deveriam fazê-lo ao escalar o elenco das novelas. A comoção mundial por conta da morte brutal de George Floyd vai passar, mas a pauta da luta contra o racismo e a demanda por espaços relevantes a negros continuará — e provavelmente com a maior força desde o Movimento dos direitos civis da comunidade negra americana das décadas de 1950 e 1960.

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