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Rafinha critica CQC, Pânico e SuperPop por ajudar Bolsonaro

Comediante faz mea-culpa ao analisar o oportunismo de programas de TV na promoção do radicalismo

29 mai 2020 - 12h35
(atualizado às 12h35)
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No Instagram, o humorista disse que os canais de TV se beneficiam de figuras polêmicas como Bolsonaro
No Instagram, o humorista disse que os canais de TV se beneficiam de figuras polêmicas como Bolsonaro
Foto: Instagram

Jair Bolsonaro credita sua eleição às redes sociais. Mas foi em atrações populares da velha televisão que o então deputado federal se tornou famoso nos quatro cantos do País, bem antes do uso político de plataformas como Twitter e Facebook.

Rafinha Bastos argumentou a respeito em vídeo com o título 'Desculpa' postado em seu perfil no Instagram (@rafinhabastos, 1,5 milhão de seguidores). "Não tenha dúvida de que hoje o Bolsonaro é uma figura conhecida nacionalmente por culpa do CQC", disse, referindo-se ao programa do qual fez parte. A atração com amplo espaço para sátira a políticos foi exibida na Band de 2008 a 2015.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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"É culpa do CQC e de todos os programas que se utilizaram dessa figura bizarra em busca de audiência, em busca de repercussão, em busca de barulho, em busca obviamente de dinheiro, porque tudo isso acaba gerando patrocínio, acaba gerando recursos financeiros para as emissoras", afirmou. 

Rafinha Bastos tem cerca de 15 milhões de seguidores entre Instagram, Twitter e YouTube
Rafinha Bastos tem cerca de 15 milhões de seguidores entre Instagram, Twitter e YouTube
Foto: Instagram

O desabafo do humorista foi ilustrado com imagens de participações de Bolsonaro no próprio CQC, no SuperPop de Luciana Gimenez (RedeTV!), no Pânico (Rádio Jovem Pan) e no Agora é Tarde, talk show comandado por Rafinha na Band em 2014 e 2015.

"A responsabilidade é, sim, desses programas. É minha e dos meus colegas. Agora a eleição desse sujeito, aí não, essa culpa eu não vou abraçar", disse. Na avaliação do comediante, graduado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), a ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República é consequência direta da "esquerda muito equivocada, que demorou muito a assumir os seus erros, envolvida em diversos escândalos de corrupção" e de "uma massa extremamente reacionária, conservadora" que se identificou com as ideias bolsonaristas.

Na mesma gravação, Rafinha expõe um dilema pessoal: influenciadores como ele devem ou não dar voz a figuras políticas consideradas radicais que poderão capitalizar tal publicidade espontânea nas urnas? Em seu canal no YouTube, onde tem 2,5 milhões de inscritos, ele já entrevistou de Fernando Holiday a Joice Hasselmann, de Artur 'Mamãe Falei' a Kim Kataguiri. "Eu acho importante que essas pessoas sejam expostas ao público exatamente para que a gente possa conversar, eu possa entender a cabeça delas, o que estão pensando e por quê."

Ao final do vídeo de autoanálise, Rafinha Bastos ainda lançou outra reflexão sobre a dubiedade inerente à influência de formadores de opinião socialmente privilegiados como ele. "Eu não quero eleger Bolsonaros no futuro. Mas, ao mesmo tempo, não quero fechar minha cabeça e ficar dentro da minha bolha."

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