Sem espaço no JN, Bolsonaro busca aparecer em outros canais
Presidente concede mais entrevistas a programas populares depois da queda na aprovação do governo
Na quarta-feira (8), o 'Jornal Nacional' dedicou exatamente 1 minuto à repercussão do quinto pronunciamento em rádio e TV de Jair Bolsonaro a respeito da pandemia de covid-19. Não houve exibição de trechos do discurso. Os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos apenas comentaram algumas partes do texto lido pelo presidente. Os panelaços com gritos de "Fora Bolsonaro" ocuparam 1 minuto e 30 segundos da mesma edição, com imagens das ruidosas manifestações em 11 grandes cidades brasileiras.
Sem contar com a imensurável visibilidade no telejornal de maior audiência do País, e em guerra particular contra a Globo, Bolsonaro passou a aproveitar o espaço oferecido por outras emissoras. Ontem, ele voltou a conversar ao vivo com José Luiz Datena, do 'Brasil Urgente', da Band. Foi a segunda entrevista em menos de duas semanas.
De meados de março para cá, após a divulgação de pesquisas apontando queda na aprovação do governo, o presidente concedeu exclusivas também a Eduardo Ribeiro ('Domingo Espetacular', RecordTV), Ratinho ('Programa do Ratinho', SBT) e Sikêra Jr. ('Alerta Nacional', RedeTV!). Juntos, esses programas marcam cerca de 25 pontos de audiência. Em curva ascendente no Ibope, o 'Jornal Nacional' registra médias acima de 30 pontos.
Apesar de ter sua base de apoio nas redes sociais, Jair Bolsonaro sinaliza cada vez mais interesse em aparecer na televisão. Nas paradas quase diárias diante de apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada, o presidente sempre conversa com os jornalistas das emissoras, nem que seja para debochar deles ou criticar a imprensa.
Pesquisa da Kantar Ibope revela que para 77% dos brasileiros a TV é o meio mais confiável para se obter informações a respeito do novo coronavírus. Nas últimas semanas, o consumo de telejornalismo aumentou 17% no Brasil.